A Criação do Xadrez Jogo Mágico


Existem muitas histórias e lendas para explicar a criação deste magnífico jogo, o qual mostra uma verdadeira guerra entre dois reinos, onde cada jogador comanda o seu exército, estes jogadores emprestam suas personalidades dando vida às figuras combatentes dentre combinações, táticas e estratégias desafiando os limites dos seus cérebros humanos. Esta guerra de ideias pode deixa vítimas com egos feridos, orgulhos arrasados, prepotências destruídas, que contrastam com o detentor da vitória. Depois de desafiado quanto a capacidade de resolver intricados problemas.



Xadrez o jogo – Origem
Possivelmente no século Vl a.C., entre os reinos Oriente Médio e da Índia, foi criado um jogo de tabuleiro destinado a conquistar a imaginação de nobres, comerciantes e dos mestres da guerra. Conforme os historiadores o jogo atual tem como precursor um jogo de tabuleiro chamado de “chaturanga”, que por gerações, este novo jogo se espalhou por terras, e povos vizinhos, levado principalmente pelas rotas comerciais do oriente, também, pelo intercâmbio cultural entre nações mesmo quando se tratava da invasão de um império sobre outro. E para correr o mundo, este levou muito tempo, ao longo desta propagação o jogo foi sendo aprimorado e passou por mudanças, até que chegou a Europa e passou pelos últimos refinamentos, para se tornar o que é hoje.
Xadrez o Jogo – A Lenda
Sua origem se perde pelo tempo, contudo em vista de parcos indícios e registros, provavelmente, este teria  sido inventado em torno do século Vl a.C., as pesquisas mostraram aos historiadores existiam relatos lendários em antigas culturas explicando a origem deste jogo imortal, que também é conhecido como a “Arte de Caíssa”.
Então, inicialmente, lembrando-se de Caíssa vamos citar resumidamente a lenda mitológica. Então, na literatura Védica Caíssa era uma jovem Deusa que vivia nas florestas com seres e natureza em harmonia. Certo dia teve uma visão na qual o amor do homem pela guerra causaria a decadência desta era, visto que este seguia a designação advinda do grande Brahman. Desta forma, Ela sabia que não podia enfrentar a determinação da divindade maior diretamente, então elaborou um plano para preencher o imaginário do homem através de seu amor pelos jogos e retirá-lo da vida bélica. Então, Caíssa elaborou um entretenimento que envolvesse todas as variáveis encontradas nas batalhas. Assim, a Deusa criou o jogo sagrado para que o homem substituísse o amor à guerra pelo amor ao jogo da inteligência. Mas, o Deus supremo Brahman não se deixou enganar pelos ardis de Caíssa e voltou-se contra ela, e a forçou abandonar este plano humano deixando a sua obra prima aos cuidados dos seus monges de Caíssa antes que pudesse ser apresentado. Passaram-se milhares de anos até a guerra dos Pândavas que acarretou a separação definitiva do reino dos homens do reino dos deuses, e veio um longo tempo de paz no Hindustão, deixando o arrogante Rei Kaíde entediado que passou a perseguir seus súditos por qualquer motivo. Por este motivo os conselheiros do rei, promoveram um concurso que premiaria aquele que apresentasse o melhor entretenimento capaz de preencher as horas depressivas do Rei Kaíde. Nessa época um brâmane chamado Sissa, guardião do sagrado jogo de Caíssa, achou oportuno apresentá-lo dentre os demais concorrente e minimizar o sofrimento do povo. E o Rei se agradou muito do nobre jogo. Então, ofereceu uma recompensa em ouro. Surpreendentemente Sissa recusou o prêmio real, o rei questionou o sábio que afirmou não poder acumular riquezas neste mundo, apenas o necessário para sobreviver. E pediu grãos de trigo de forma que no tabuleiro teria dois grãos na primeira casa do tabuleiro, quatro na segunda, oito na terceira, dezesseis na quarta e assim sucessivamente até preencher as 64 casas do tabuleiro. O rei mandou depositar aos pés de Sissa uma saca de grãos, Sissa prontamente informou que a quantidade estava errada. Então, o Rei solicitou que contassem, conforme solicitado, aí foi que se percebeu que a quantidade pedida por Sissa era de18.446.744.073.709.551.615. Então, os estudiosos do reino concluíram que para contar de um até esse número ("um, dois, três", etc.) durante 24 horas por dia, e supondo que demorasse só um segundo para cada um dos números consecutivos seriam necessários 58.454.204.609 séculos, isto é, quase sessenta bilhões de séculos. Sissa atingiu seu duplo objetivo: dar uma lição com muita sabedoria e inteligência a arrogância real e tornou a arte de Caissa viva entre os homens.
Xadrez o jogo – O antigo
Existem várias versões sobre a origem e o desenvolvimento do jogo, além de muitas dúvidas e incertezas sobre os caminhos de sua propagação. Ao que tudo indica a princípio o “chaturanga” não era disputado por apenas dois jogadores, como o xadrez atual, mas sim por quatro. Cada um deles, em vez das dezesseis peças, dispunha de oito peças que corriam as 64 casas do tabuleiro. Não existia ainda, por exemplo, a figura da rainha, hoje a peça mais poderosa do xadrez. O objetivo era defender a sua peça principal, o rei, e eliminar o rei do adversário. Os jogadores moviam um elefante, um cavalo, um carro de guerra e quatro peões. No entanto, ao contrário do xadrez, o “chaturanga” dependia da sorte, pois a ordem das jogadas era definida pelos dados. Acredita-se que outro jogo de tabuleiro mais antigo, origem estimada em volta de 2000 a. C, muito popular no Norte da África, precisamente no império egípcio, conhecido como o “jogo de damas”, serviu de inspiração para algumas modificações do original “chaturanga” até o xadrez moderno praticado por todo mundo. 
Xadrez o Jogo – Propagação pelo mundo
Devido às populações nômades, viajantes e comerciantes do sul da Ásia e oriente médio, o jogo foi se popularizando pelo mundo. Em cinco séculos, o jogo “chaturanga” chegou à China, a mais de 4 mil quilômetros da Índia. Na mesma época, alcançou o Japão. O tempo passou e no sexto século depois de Cristo, o jogo ganhou grande destaque na Pérsia, sob o reinado do xá Cosroes I. O nome persa para o jogo era “chatrang”, do qual parece terem se originado as expressões “xeque” e “xeque-mate” que significa ameaça ao rei e rei morto, respectivamente. Nesta época o jogo já era jogado com dois contendores e os dados começaram a ser esquecidos. Da Pérsia, antigo Irã, o jogo emigrou para a Arábia. Em 650 da era cristã, o imperador francês Carlos Magno ganhou um tabuleiro de presente do lendário califa Harum-alRashid. Foi assim, acredita-se, que os ocidentais tomaram conhecimento do xadrez. A invasão da Península Ibérica pela expansão do império Árabe, que perdurou entre 711 a 1492, os conquistadores também trouxeram e introduziram o ajedrez na Península. O jogo difundiu-se inicialmente na Espanha. Em 1088, o rabino Abrahan Ben Ezra, de Toledo, escreveu um poema sobre uma partida entre peças negras (etíopes, no poema) e vermelhas (edomitas).
Xadrez o jogo – O Nome
O nome original do jogo era chaturanga, que significava:chatur” significa “quatro” e “anga” era o nome de cada divisão do exército indiano. Deste, a palavra foi sofrendo uma metamorfose, no árabe “chatrajn” e quando chegou à Espanha o jogo foi chamado de “ajedrez” e dele descende o xadrez em português. Nas nações que pertenceram à antiga União Soviética, o jogo se chama “xeque-mate”. Na China não temos o nome específico onde o jogo é chamado de “jogo do elefante”. Enquanto no Japão é chamado de “go” ou “go bang”. Em inglês é “chess”, em alemão, “schach”, em italiano “scacchi”, em francês, “jeu des échecs”.
Xadrez o Jogo – As atualizações
A principal transformação parece ter sido o aparecimento da rainha. O que não só subverteu as regras do jogo como também foi um lance inusitado: afinal, figuras femininas não costumavam frequentar campos de batalha, reais ou simulados. Por outro lado, como no poema de Homero estas participavam da guerra como objeto de desejo a exemplo da Rainha Helena na controversa guerra de Tróia.
Depois que os árabes, que aprenderam o jogo com os persas, houve grande discussão em torno das formas das peças, devido suas crenças religiosas as figuras não podiam ter formas humanas, então as figuras ganharam a forma abstrata atual. Estes levaram o jogo para a Espanha. Na península Ibérica e na França o jogo começou realmente a mudar. As inovações começaram pelos peões. Estas peças, que podiam andar para frente apenas uma casa em cada lance, ficaram mais ágeis, podendo avançar duas casas no primeiro movimento. Ainda assim, estas peças são as únicas figuras no tabuleiro que não podem voltar, estão predestinadas a não correção. Depois dos peões foi a vez das torres: ganharam um movimento novo secundário, além de se movimentar na horizontal e vertical quantas casas quiser. Devido a nova movimentação do rei chamada de roque, na qual o rei se movimenta duas casas no sentido da torre escolhida e por sua vez esta torre troca de lugar indo para o lado oposto junto ao rei. Enfim, o caso da rainha. A rainha entrou em cena no século XV, os árabes chamavam a peça que lhe deu origem de firzan, que significa “vizir” ou “conselheiro”. Tratava-se de um personagem masculino, portanto. Além disso, o firzan só se movia uma casa de cada vez não quantas casas forem necessárias, como no jogo atual.
Não se sabe por que ocorreu essa mudança. Pode ter sido resultado da presença marcante da rainha Isabel, a Católica, que governou a Espanha no século XV. Isabel era a personificação da nova força feminina, tão admirada quanto temida. Ela ajudou a unificar a Espanha, reorganizou as finanças do reino e instigou a Inquisição espanhola. Ou, também alguns atribuem a transformação ao florecimento naquela época de dirigentes femininas dominantes por toda Itália. Outra influência pode ter sido também fruto de uma analogia com o jogo de damas, onde as peças são coroadas depois de atravessar o tabuleiro. Então adquirem o direito de circular com muito maior desenvoltura pelo tabuleiro, já com o título de damas. Também no xadrez, o peão que chega a cruzar todo o tabuleiro fica mais poderoso. É possível que esse peão, por analogia com a dama, tenha passado a se chamar rainha. Em português a rainha também é chamada de dama. Tendo por base estes dois fatos, possivelmente, isto por ter influenciado o pensamento daqueles jogadores de Valencia, dotaram a dama com um maior alcance de movimentos. O bispo também mudou, provavelmente a partir da metamorfose do velho elefante indiano. As informações mais recentes sobre o antecessor do bispo vêm da Pérsia, onde o elefante acumulava dois movimentos. Um desses era o passo em diagonal, embora o elefante persa desse só um passo por vez. O segundo movimento lhe permitia saltar outras peças, como o moderno cavalo. Os espanhóis descartaram estes últimos movimentos e deram à peça o nome pelo qual se tornou conhecida alfil, bispo, em espanhol. O bispo atual ao contrário do elefante corre as diagonais quantas casas forem necessárias. Na França, porém, ela se chamou palhaço, bobo da corte muito presente nas cortes europeias. Na Alemanha, ganhou o nome de laufer, corredor. Na Rússia ficou o nome tradicional, slon, elefante. O antigo cavalo, por sua vez, já possuía o movimento aos saltos, como hoje, e assim permaneceu, retendo também o velho nome. Em inglês é chamado de cavaleiro, knight. O mesmo vale para o movimento das torres, que correm quantas casas forem necessárias na horizontal e vertical. Porém, estas receberam diversos nomes, conforme as línguas. No árabe, chamavam-se ruji, carro de guerra. Daí a denominação inglesa rook, com a mesma acepção. Os peões, enfim, deve seu nome uma tradução da palavra árabe daq, soldado a pé. Esses pequenos andarilhos do tabuleiro causaram certa confusão quando adquiriram a capacidade de se transformar em rainhas. Teóricos da época, diziam que não ficava bem o rei ter duas ou mais rainhas no jogo, como se fosse polígamo. Isto não impediu que o movimento de promoção fosse mantido. Atualmente, os peões podem ser promovidos a Bispo, Torre, Cavalo e Rainha (Dama), conforme a solicitação e conveniência do jogador. Assim se encerraram mudanças nas regras relativas aos movimentos das peças, realizadas no século XV e XVI, que deram ao jogo sua forma atual. Com a fixação das regras veio o refinamento das técnicas, tornando os lances muito mais pensados e armados.
Xadrez o Jogo – Complexidade
Com as modificações ocorridas com a rainha e bispo ao chegar à Europa, o jogo ficou mais rápido e agressivo, então os estudioso da época concluíram que as possibilidades passaram a ser quase infinitas. Efeito do enganoso poder da progressão geométrica. No início do jogo parece ser simples, as brancas têm 20 opções e as negras outras 20 opções de movimento. Então no primeiro par de movimentos, primeiro lance, temos 400 possibilidades de posição diferentes sob o tabuleiro. Para o segundo lance para cada um dos 400 movimentos encontráramos 27 opções para cada jogador realizar a segunda jogada. Depois do segundo lance as analises apontam para 71.852 possibilidades. Depois do terceiro lance são nove milhões de possíveis posições para os jogadores. E as possibilidades vão aumentando a cada lance. Então, calcula-se que o número de jogadas possíveis em uma partida é tão grande como o número de átomos do Universo. Outra conta de tirar o fôlego é a seguinte: um computador que fosse capaz de analisar 100 milhões de jogadas possíveis por segundo demoraria aproximadamente 3 x 10104 anos (ou seja, o número 3 seguido de 104 zeros) para terminar a partida. Isso resulta do fato de que, ao longo dos séculos, o xadrez foi se tornando mais variado, mais complexo e cheio de possibilidades. É justamente esta grandiosidade de possibilidades que desafia o cérebro humano, que está susceptível ao erro a aos enganos posicionais.  
Bibliografia


- Shenk, David; O Jogo Imortal (The immortal game) Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
- SaidY, Anthony; La Batalla de las ideas en Ajedrz; Barcelona: Ed.Martinez, 1983.
- Super-interessante access; time-31/10/2016 - Publicado em 30/06/1988.



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