Aprendendo com as armadilhas no jogo de xadrez


Como sabemos o jogo de xadrez tem quase infinitas posições, combinações e situações a disposição dos contendores, que são desafiados em suas faculdades e limites mentais. Então, no meio deste desafio mental encontramos no xadrez, como na vida e na guerra, as suas armadilhas. Não esquecer que a cada dia devemos estar aberto para aprender um pouco mais. Devemos ter ciência de nossos limites, e buscar sempre as linhas de jogo conhecidas para não ter decepções logo nas aberturas. Ter consciência e atenção, a fim de que a cada no passo seja realmente visto e analisado para não cair nas velhas armadilhas. Que podemos definir como uma situação aparentemente satisfatória na superfície, que fomos introduzidos a fazer um movimento nesta direção, e este nos traz como consequência uma situação mais ou menos desastrosa. Equipara-se a um erro, cuja origem está oculta em uma debilidade insuspeitada em determinada posição.


Figura 1: As armadilhas estão em volta (1)


Antes de tudo no prenúncio da batalha devemos saber que existe um ser humano, que merece respeito e fará tudo dentro das regras para ganhar. Para atingir o objetivo, por isso este merece muito respeito e preparo de nossa parte, para enfrentá-lo com todas as armas, e que as dificuldades criadas por este personagem sejam dribladas.

Vá lá se caímos numa situação enganosa, numa verdadeira trava, a vulgar armadilha. Ao vivenciar este momento de frustração: o nosso coração não pode cuidar de culpar o próximo, literalmente, no xadrez quando olhamos em volta, só encontramos a gente mesmo. Então, depois de cair numa armadilha tenha calma, agora não podemos culpar os outros.

Quando algo não corresponde a nossas expectativas, muitos de nós operamos com uma premissa: “Na dúvida, a culpa é do outro.” Podemos observar essa premissa em ação à nossa volta – algo deveria estar aqui, mas não está: então alguém carregou; minhas despesas excedem meus ganhos, então minha mulher deve estar gastando mais do que devia; o carro não está pegando de novo, então o mecânico deve tê-lo consertado mal; a casa está uma bagunça, então só eu estou fazendo minha parte; meu time de futebol “na vulgar pelada” está sem raça, então somente eu estou me esforçando; um projeto está atrasado, então meus colegas de trabalho não devem estar fazendo o que deviam – e por aí vai.

Este tipo de pensamento recriminatório, dos outros, vem se tornando muito comum em nossa cultura, mas no mundo enxadrístico não existe lugar para este pensamento. No xadrez não podemos culpar outra pessoa, nem mesmo uma ferramenta, como: a bola, a raquete, o vento, o juiz, etc. Presumindo que a arbitragem e o ambiente da contenda estão sob a mais pura normalidade das regras do bom jogo. Resumindo, o movimento foi feito por você e somente você! A resposta a este equívoco está dentro de nós mesmos, sem opção.

Lembrei-me de uma participação num campeonato, quando numa das rodadas fui levado a enfrentar o gerente do clube, patrocinador do campeonato de xadrez, e seus companheiros se amontoavam ao redor da mesa para acompanhar o andamento da partida. Dava para sentir o cheiro, os burburinhos, os movimentos. Tão próximos que chegava a incomodar, mas pensei para mim, – pare, concentre-se no jogo! Com certeza que meu adversário devia estar também incomodado com este assédio. E realmente estava – acabei ganhando no tempo por segundos, por pouco. Mas, ganhei. A intenção dos expectadores era tentar me desequilibrar, visto que a arbitragem fez vistas grossas diante desta situação. No entanto, estávamos no mesmo ambiente e este agente externo não estava no treinamento nem meu nem no dele. Realmente, a faceta mental do xadrez é maravilhosa seus pensamentos em certas condições até se confundem entre lances e movimentos, como se fosse outra jogada da partida em andamento.

Ao longo dos anos muitas partidas foram jogadas e verdadeiras pérolas foram construidas. E dentre estas jóias está a sequência que tirei do livro “La Trampa en La Apertura”, esta minhatura é conhecida como: “Mate Legal”. No diagrama 1 apresentamos a posição final desta armadilha. Verificando num programa de análise este não aponta a tomada dxe5 no sexto lance das brancas, entretanto este só lista a sequência depois do sétimo lance.

Então, vamos a sequências de movimentos desta trapa.

Diagrama 1: Resultado final do “Mate Legal”


1.e4 e5 2. Nf3 Nc6 3. Bc4 h6

Tudo parece tão normal que as negras optam em fazer no terceiro lance um movimento defensivo colocando seu Peão na casa “h6”, enquanto as brancas seguem desenvolvendo suas peças;

4. Nc3 d6 5. d4 Bg4

As pretas firmaram o centro com seu peão da Dama e realizam com o Bispo em “g4” uma cravada prematura, enquanto a ala do Rei continua na linha “8”. E as brancas começam o ataque ao centro negro;

6. dxe5 Nxe5? 7. Nxe5 Bxd1

Sob a ânsia ambiciosa inebriante que tomou conta do condutor das pretas, que ficou cego, e capturou da Dama a peça mais forte do exército adversário. E esqueceu de defender seu monarca.

8. Bxf7+ Ke7 9. Nd5 (xeque-mate)


Divirta-se vendo o vídeo interessante apresentado na sequência sobre as armadilhas no jogo de xadrez durante a abertura.


Vídeo 1: 7 melhores armadilhas na aberturas de xadrez


Observação (1) A figura 1 é uma composição de várias imagens discretas retiradas da internet.

Autor do artigo: Paulo Sérgio e Silva
\PSS

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