No xadrez saber perder e saber ganhar é preciso
Sabemos que com todo preparo para
investir em algum projeto de vida, que pode ser um relacionamento, comprar um
carro, fazer uma viagem, participar de um torneio ou simplesmente jogar uma
partida de xadrez, os planos possivelmente podem sair diferente do planejado,
em forma de uma quebra de contrato ou de uma derrota incontestável. A sabedoria
nos ensina que a derrota é uma oportunidade para melhorar, para rever os planos
e estudar as possibilidades, a fim de que erros sejam corrigidos no próximo
embate. De contra partida a vitória frequente não pode nos permitir subjugar
ninguém, entrar na onda de que os mortais devem se curvar ao seu ego imbatível
ao seu desempenho todo poderoso, seja qual for o negócio; um dia a derrota
baterá à porta. E quando ela chegar o encontrará despreparado, e com certeza a
dor será grande e o mundo marchará sobre seu ego rasgado, e o suplantará.
Este jogo sempre produziu em mim uma
admiração pela exigência natural de um comportamento cordial e respeitoso entre
adversários, onde os oponentes se cumprimentam no inicio da partida, durante o
jogo conservam o silêncio e ao final depois de se cumprimentarem novamente,
sentam e discutem as possibilidades encontradas durante aquela curta
convivência nos lados opostos do tabuleiro. Não esquecendo que o jogo de xadrez
é uma batalha de egos, e afirmamos que sem sabedoria o orgulhoso vai sangrar
até ao colapso se não tiver o socorro da humildade e reconhecimento de suas
falhas.
Lembro-me de um torneio que
participei e me consagrei campeão, com quatro participantes empatados com cinco
pontos e meio, ficamos aguardando por algum tempo a contagem dos pontos e
observação do critério de desempate, conforme o regulamento do torneio.
Entretanto, alguns companheiros, depois de observarem a tabela de resultados
exibida no salão do clube, vinham até a minha mesa e diziam: – parece que você
é campeão. A partida, que está sendo finalizada, não terá influência nos
primeiros lugares. Fiquei aguardando o anuncio oficial. Estava feliz, pois
ficar entre os quatro, para mim estava bom demais. Treinei uma hora por dia
durante um ano, foi uma luta. E o resultado apareceu. Fui o campeão! Mas,
dentre os presentes a curta cerimônia de encerramento do torneio, estava um
oponente, que meses antes tínhamos jogado duas partidas, das quais eu tinha
conseguido apenas um empate. Então, ele apertou a minha mão e disse: – acredito
que só foi campeão porque não jogou comigo. Respondi simplesmente: – verdade!
Acho que ainda não estava acreditando que tinha sido campeão. Entretanto,
deixei para vibrar mesmo quando cheguei a minha casa. Era depois da meia-noite
e o papai, mamãe e os manos estavam me esperando. E vibramos juntos.
No dia
seguinte. Com mais calma, estava refletindo sobre as palavras daquele indigesto
perdedor, que neste torneio nem foi emparceirado para jogar comigo e perdeu
para mim assim mesmo. Ri para mim mesmo. – Que droga, como pode existir um enxadrista
desse. Não sente o que é o xadrez, onde saber perder e ganhar é um lance intrínseco
entre os confrontos deste belo jogo. E continuei refletindo sobre a última
rodada na noite anterior. Durante o torneio estive sempre ciente de minhas
limitações, sem clube e nem coach. Eu
tinha apenas os amigos da escola com quem ainda mantinha contato, para troca de ideias, e quatro livros
básicos. O dia estava clareando, eu continuava deitado com meus pensamentos,
quando gritaram. – Tem gente aí na porta! E quando fui atender era o meu amigo
adversário da última rodada do torneio, que tinha perdido para mim. Que jogo
duro. E trazia na mão um livro de Bobby Fischer (Minhas Melhores Partidas de
Xadrez), que me presenteou. Leu a seguinte dedicatória. “Ao meu amigo Paulo
Sérgio e Silva como prêmio pela sua brilhante atuação nos Jogos Universitários.
Sagrando-se Campeão! Do amigo Tupy.” Era manhã do sábado de 12 de Abril de 1980.
– Que legal! Pensei. Que tal refletir sobre este gesto do meu amigo. Perdeu jogando. Presenteou o vencedor. E continuou a vida jogando suas partidas com a alegria de sempre.
Pesquisando
sobre o assunto encontrei um texto interessante no site em referência, que diz:
“não temos a obrigação de acertar sempre, mas sim o dever de aprender com
nossos erros. Quem não sabe perder, perde sempre, pois acaba sendo humilhado
pelo fato de não aceitar a própria fraqueza; querendo, assim, ser o que não é,
e fazer o que ainda não é capaz”.
Então,
podemos concluir que: quando ganhamos é muito bom pelo sucesso e reconhecimento,
mas sempre sabendo que existirão dias de derrotas, que contribuirão para o seu
alto conhecimento. E dar a volta por cima com categoria faz parte da vida e do
jogo, e do jogo e da vida.
Referência:
Texto do site: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/quem-nao-sabe-perder-perde-sempre/
Vídeo - SABER GANHAR
Autor: Paulo Sérgio e Silva
\PSS
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