Xadrez, inesperado resultado


Estava jogando xadrez no site “chess.com”, e lembrei-me que havia um feriado na semana. Pensei, – depois de amanhã será sexta-feira 07 de setembro de 2018, dia da independência do Brasil, possivelmente deverá ter alguma atividade de xadrez na cidade. Então resolvi verificar. Ao fazer a pesquisa encontrei na internet, que no feriado começava o torneio Zonal da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) para o estado do Rio Grande do Norte. Imediatamente liguei para o telefone do site xadrezpotiguar.com.br para maiores informações. O torneio teria cinco rodadas com um limite de quarenta participantes, cadência de uma hora e meia. Fiquei cheio de dúvidas, não sabia se participava ou não. Mas, minha esposa e filho me incentivaram, e resolvi participar.

 Figura 1 – Medalha do Zonal CBX RN 2018


Mesmo com algumas nuvens o sol brilhava no céu da cidade de Natal-RN, a possibilidade de voltar a jogar xadrez entre amigos parecia me encher de satisfação. No dia anterior ao feriado segui minha rotina habitual, visitei o site “chess.com” como sempre. Entretanto tinha em mim uma alegria que não sabia por quê. Fiquei pensando: será que tem vaga, visto que irei me inscrever momentos antes do início do evento.
E lá se foi o dia.

Finalmente chegou o esperado feriado, mas o torneio estava marcado para começar às seis horas da tarde na sala de xadrez da Universidade Federal. Fiquei lendo diversos livros de xadrez durante a espera ao longo do dia. A hora chegou e sem preparação nenhuma, fui ao evento providenciar minha inscrição e jogar a minha primeira partida depois de vinte e quatro anos sem jogar o campeonato ao vivo. Tudo parecia novidade, tinha um sentimento de: – será que vai dar certo? Lá encontrei o árbitro Igor Macedo, que me explicou um pouco do regulamento, e também me deu notícias de amigos comuns. Gente que não via há anos. As pessoas foram chegando e a sala foi se transformando, o clima do ambiente parecia me trazer recordações de tempos vividos. Mesmo com muitos jovens, na oportunidade ainda foi possível relembrar velhos amigos, contudo parecia tudo um pouco confuso e feliz para mim. Devia ser um pouco de medo, existia algo de desconhecido até em mim mesmo. Tentei ser o mais discreto possível.

Figura 2 – Sala de xadrez Universidade Federal RN

Tivemos uma reunião inicial, quando foram confirmados todos os participantes e realizado o emparceiramento. A primeira rodada começou e fui movendo as peças com precaução, contra um jovem Davi Alves, que jogava firme e conhecia a linha de jogo. O receio maior era o desconhecimento do meu potencial, eu não sabia como estava minha condição de jogo. Segui de negras me defendendo com uma Siciliana, abertura tão conhecida e complexa. Desta feita para começar fiz alguns lances duvidosos, e o jovem oponente se aproveitou bem da situação, por algum momento achei que ia perder, contudo consegui me safar e o jogo terminou empatado.

Figura 3 – Segunda rodada – PSS vs Ângela

A segunda rodada foi no sábado pela manhã jogando de brancas contra uma jovem, pela primeira vez estava jogando contra uma enxadrista num jogo oficial, Ângela Tavares. Quando enveredamos por uma abertura Ruy Lopez, a variante das trocas foi a que escolhi, entretanto ela estava preparada e conseguiu ficar em vantagem. Lembram-se dos lances duvidosos? Eles eram meus companheiros de jogo. Contudo um deslize de minha oponente me deixou em vantagem e ganhei. Ops! Um ponto em meio na segunda rodada, nada mal! 

Figura 4 – Terceira rodada – Márcio (campeão) vs PSS

Na terceira rodada sabia que o nível ia aumentar, realmente encontrei um oponente fortíssimo, muito preparado. Seu nome era Márcio Jordão, que iniciou o jogo com o peão do rei na quarta. Então, fui me defendendo com minha Siciliana, grande amiga de guerra. Mas, ele veio com um gambito variante Tartakover. O jogo seguiu como o livro diz até que a décima terceira jogada, quando resolvi força um peão pelo centro. E logo minha defesa foi desmontada pelas brancas. Assim, perdi minha partida e neste sábado à tarde.


Figura 5 – Quarta rodada – PSS vs Thales

E veio o domingo, logo pela manhã veio um jovem jogador, que também tinha um ponto e meio em três jogos. Era o jovem Thales Rodrigo, que adotou como defesa uma Siciliana, e enveredamos por uma linha muito conhecida, Najdrof. A partida não durou muito, terminou rápido. E nesta quarta rodada voltei a ganhar.

Fui a minha casa e ainda dormi um pouco antes do almoço, pois na próxima rodada o oponente deveria ser forte. E quando cheguei para jogar fui informado que o meu oponente seria Luiz Fiori, muito bom jogador. Nesta quinta rodada resolvi jogar mais solto, pois estava satisfeito com meu desempenho até o momento. O jogo se desenvolveu numa variante Alapin, e de repente ganhei um peão. Ele começou a pressionar para recuperar o peão, mas acabou comprometendo seu ataque e perdeu uma peça. Durante este último jogo estava tranquilo, mas no final existia um sentimento de tensão. Todos esperando o match acabar para proceder com o encerramento do torneio. E aconteceu contra um jogador fortíssimo voltei a ganhar. Desta forma, conclui minha participação com três pontos e meio dos cinco possíveis.

Na solenidade de encerramento fui surpreendido, quando anunciaram que eu tinha ganhado uma medalha, e também tinha me classificado para a semifinal da CBX, visto que terminei o campeonato em quarto lugar com o mesmo número de pontos do terceiro lugar. Fiquei muito feliz com o resultado, que superou minhas expectativas. Que bom sentir esse ambiente envolto de xadrez; conversar de xadrez; amigos do xadrez; curiosos do xadrez; gente do xadrez por todo canto. Que legal! 
Em outra oportunidade detalharei as partidas deste torneio.

Autor: Paulo Sérgio e Silva
\PSS

Comentários

  1. Fiquei feliz em saber que você tinha retornado a esse ambiente de torneio ao vivo, digamos assim. Com certeza muito prazeroso e enriquecedor, essa troca de experiências com outros jogadores. Parabéns, acredito que posso falar em nome de toda a família e dizer-lhe que todos sentimos muito orgulho de você.

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