Xadrez, amor e controvérsia


Este jogo maravilhoso, com suas facetas. Não desperta apenas amor, mas também alguns atos contrários por motivações políticas ou religiosas. Na época da “guerra fria” a disputa entre Estados Unidos e Rússia, que fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, entrou no tabuleiro de xadrez através dos Grandes Mestres Bobby Fischer e Boris Spassky. Veja a importância deste encontro, até a mídia brasileira voltada apenas para o futebol, dava seus boletins sobre o andamento deste famoso “match” no ano de 1972, que eram anunciados pelo rádio. Na mesma época em 1979 o Aiatolá Khomeini, proibiu o xadrez após a Revolução Islâmica realizada no Irã, que perdurou até 1988. Hoje grande força do xadrez no Oriente Médio. E agora mais recentemente aparece no mundo Árabe uma decisão controversa, que contrasta com a receptividade de jogo em todo mundo.



No ano de 2016 em Riad, capital da ArábiaSaudita o Grão-mufti  Abdulaziz AL-Sheikh, autoridade religiosa, tentou justificar a proibição da prática do jogo de xadrez em seu país, alegando o seguinte: “Faz do pobre um rico, e do rico um pobre. Cria hostilidade e faz perder tempo”. Acreditamos que no mundo livre a busca de igualdade entre os cidadãos pobres e ricos diante da lei. É louvável para qualquer lei ou constituição, que tende a por ordem na convivência de seus cidadãos. E quanto à hostilidade esta está apenas dentro do ambiente de jogo, assim como podemos encontrar a mesma disposição de “hostilidade”,diante de uma verdadeira competição dentro das linhas de uma área de jogo de esportes, como: futebol, voleibol, basquete, handebol e outros. E a afirmativa de perda de tempo vai de encontro aos diversos usos do jogo de xadrez, como: ferramenta pedagógica, terapêutica, cientifica e outros usos. E porque não? O uso como lazer, onde os praticantes literalmente se relacionam socialmente através da prática do esporte chamado xadrez em horas vagas.

Para ilustrar o outro lado, encontramos diversos festivais pelo mundo, onde o xadrez se faz presente. Contudo, em especial encontramos uma comunidade que vive o xadrez e desfruta dele como uma dádiva. A cidade de Marostica na Itália, que promove nos anos pares, isto é a cada dois anos, o xadrez humano. Esta cidade medieval rodeada de torres fica a pouco mais de uma hora de Veneza. Nesta simpática cidadezinha encontra-se o Palazzo Del Doglione, prédio do Escritório de Turismo da Prefeitura,  onde está instalado o Museu do Jogo de Xadrez. Por traz desta festa está uma bela história, que ocorreu em 1454. Quando dois guerreiros disputaram a mão de uma bela jovem, filha do prefeito, chamada Lionora. E para não perder dois fortes guerreiros o pai da jovem fez um arranjo para que o duelo fosse disputado numa partida de xadrez vivo, sem armas letais, que seria jogado com pessoas no lugar das peças. E mandou fazer uma grande festa na cidade, e que tradicionalmente é revivida nos dias atuais.


Então, este esporte com suas qualidades, assim como os demais, está sujeito aos vetos e proibições para atender os interesses deste ou daquele dirigente de um país ou de uma religião. Com certezas estes vão passar, enquanto o jogo de xadrez vai permanecer entre as gerações futuras. E agora tendo como parceiro o computador este fantástico jogo vai longe.


Vídeo em italiano da partida de xadrez na cidade de Marostica-Itália


Link - Informações turísticas em português sobre a cidade de Marostica-Itália

Referências

Artigo com detalhe sobre a decisão da autoridade saudita: 

Artigo com detalhe sobre a cidade de Marostica: 

Autor: Paulo Sérgio e Silva
\PSS

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Xadrez – Cegueira enxadrística.

Xadrez – Campeão do Torneio Máster de Xadrez n-23 jogado por celular

Xadrez – Viagens e a disputa do título mundial de xadrez em 1987