Xadrez – Um empate que valeu o título


Nesta semana acompanhei o campeonato CairnsCup, Saint Louis, que teve o brilho feminino diante de um tabuleiro de xadrez irradiando lances de luta e beleza, as dez mestres mostraram disposição nas batalhas travadas desde o dia seis a este dia quinze de fevereiro de 2019. E o campeonato seguiu sem definição até o final. Na última rodada bastava um empate para a Grande Mestra (GM) Valentina Gunina, russa, se tornar a campeã do torneio, e aconteceu. Com o empate na nona rodada Gunina cravou sete pontos, e não deixou dúvidas. Por sua vez a GM Alexandra Kosteniuk, também russa, precisava da vitória, mas terminou com meio ponto atrás da campeã.




A russa GM Valentina Gunina, 30 anos, venceu três vezes os Campeonatos femininos individuais Europeus e Russos, também, venceu o Campeonato Europeu de Equipes, inclusive, nesta modalidade venceu por quatro vezes fazendo parte do time russo.

O desfecho do jogo decisivo pode ser interpretado pela seguinte história. No começo dos anos noventa tínhamos um grupo de amigos, com os quais saíamos para bares, festas, churrascos etc. E num sábado um dos amigos deu uma festa no jardim de sua casa. Lá pelas dez da noite, um carro para e o motorista, que conhecia o dono da festa, gritou:

– O amigo fulano de tal morreu! Pode acabar a festa e todo mundo vai para o velório.

O dono da festa parou e foi até o carro. Chegando lá disse em voz alta:

– Eu gostava do fulano, mas a festa vai continuar. Amanhã, se dê vamos ao enterro.

O motorista retrucou, também, falando alto:

– Porque você não vai ao velório do amigo?

O dono da festa disse:

– Porque ele não vai ao meu.

O conhecido motorista gritou alguns lamentos.

No momento dos lamentos do motorista. Um dos participantes da festa respondeu:

– EMPATOU!

E todos nós rimos. E o motorista saiu indignado, em disparada. Até poeira subiu no calçamento.

Assim foi o jogo de xadrez de hoje: empatou.

Pessoalmente, não fiquei confortável com a resposta do dono da festa, mas o sentimento de algo definido, assim como não ter mais o que fazer, ficou no ar. A mesma impressão tive no final desta partida. Os comentaristas fizeram: – Oh! E se agitaram. Quando no sexagésimo quarto (64) lance a GM Gunina fez cavalo captura peão em g4 xeque. Para quem estava assistindo: o sentimento foi de que não tinha mais jeito, a partida ficou empatada.




O jogo entre as duas Grandes Mestras seguiu a partida Ruy Lopez, defesa Berlim, entretanto podemos comentar que para quem precisava ganhar a GM Alexandra optou por fazer a troca do Bispo, Bxc6, este lance da variante das trocas, apesar de debilitar a estrutura de peões na ala da Dama das pretas, permite a igualdade rapidamente. Aqui é possível que as pretas fossem pela história de buscar a surpresa, ou, apenas tentaram sair de uma possível linha de defesa bem estudada. E no decorrer do jogo a debilidade das pretas é transitória, enquanto as Brancas ficam com os peões centrais engessados, devido uma dobra dos peões na coluna do Rei. Esta linha de jogo apresenta um alto índice de empates, e foi o que aconteceu. E para fechar com “chave de ouro”. E sacramentando o empate, o lance de sacrifício do Cavalo capturando o peão em g4 com xeque, 64 ..., Cxg4+, põe uma pá de cal nos planos de vitória das Brancas.

Referência:

- O diagrama foi gerado no site "chess.com" ao qual sou filiado.
- Site "The week in chess" com os dados da Copa Cairns.
- A foto é uma composição retirada do vídeo do Saint Louis Chess Club, round 9.

Autor: Paulo Sérgio e Silva
\PSS

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