Xadrez – Uma dia na 85a. Final do Brasileiro

Em vista de vários compromissos, passei a semana acompanhando a Final do Campeonato Brasileiro de Xadrez apenas pela internet. Vi os jogos em tempo presente entre os meus afazeres. Então, resolvi fazer contato e compra o meu ingresso para vê em ação o campeão brasileiro.

– Ora! Uma final destas aqui em Natal-RN, e não estar presente.

Neste último dia 07 de fevereiro de 2019, acordei cedo e providenciei meu ingresso, pois o jogo estava programado para começar às dez horas da manhã. Programei o computador com o endereço do Hotel Othon Suites Natal, e dirigindo rumo ao referido hotel. Tinha esquecido que aquela região da cidade é critico encontrar um local para estacionar. 

Pensei. – Devia ter contratado um transporte.

 Figura 1 - Antes dos contendores chegar

Dito e feito. Tive que girar pelas quadras até encontrar um ponto para estacionar, e caminhei até o hotel. Olhei para o relógio e faltavam cinco minutos para o início do jogo. Depois de me identificar, fui recepcionado com cordialidade e me indicaram o primeiro andar. Onde fui conduzido a duas salas. Na primeira um senhor, muito gentil, tratava dos últimos retoques na sala de recepção, onde observei uma grande tela, cadeiras, mesas de xadrez para os presentes armarem os jogos e comentar. Ou, jogar umas partidas amistosas.

Na outra sala, encontramos dois ambientes, uma para plateia e outro para os contendores. Encontrei uma solitária senhora numa das cadeiras destinadas a plateia. Após, um sutil cumprimento, ela se voltou a olhar para o celular. Observei duas pessoas da direção fazendo os últimos ajustes no transmissor de imagens e enquadramento da mesa identificada para os contendores. – Hum... Faltavam apenas dois minutos. Resolvi me sentar para vê a entrada dos participantes. – E nada!

E às dez horas em ponto, a senhora da organização saiu da grande mesa do lado oposto ao nosso e acionou o relógio. Mas, os dois jogadores ainda não tinham chegado. Outras três pessoas chegaram e se acomodaram, entretanto resolvi dá uma volta, pois sentados na cadeira os minutos passavam lentamente. Cinco minutos foi uma eternidade. Solicitei autorização à organização e tirei minhas fotos.

Figura 2 - Antes dos contendores chegar

No restaurante do hotel, que fica próximo das salas conversei com o atendente, sobre a falta de vagas para estacionar o carro nas redondezas. O atendente me questionou porque eu não tinha usado o estacionamento do hotel, visto que eu comprovei, pelo celular, ter pagado o ingresso, e tinha estava devidamente identificado. – Essa em não sabia. E de repente vi um dos participantes passar apressado rumo à sala de jogo. Fui atrás.
Era o Mestre Internacional (MI) Roberto Molina, que acabou de chegar foi beber um pouco de água primeiro e se ambientar com a atmosfera silenciosa e calma. Quando ele olhava para a mesa de jogo, o seu oponente chegou. Era o Grande Mestre (GM) Krikor Mekhitarian, que chegou e foi se aportando na mesa, depois de ajeitar as peças brancas, cumprimentou o Roberto Molina, e fez o seu lance, Cf3.

                                          Figura 3 - Tela da sala em anexo, base para os comentários

Por minha vez. Depois de vê os primeiros lances. Troquei de sala, pois diante da tela a gente poderia comentar com os presentes, e aprender com eles. Visto que durante as especulações sobre o andamento da partida sempre surge um conto; como estão acompanhando; como alguém jogou esta partida; como usar um dispositivo para ficar ligado no jogo. Muito divertido, ouvir os palpites sempre ricos de momentos vividos. Chegou um casal distinto que se apresentou e foi logo comentando o andamento da partida. Também, chegou um jovem enxadrista local, o qual se mostrou econômico nas palavras. Mas, eles me passaram as impressores que tinham da trajetória de ambos os contendores até aqui. E citaram os detalhes de fase final, como estava o placar neste quarto jogo numa fase de melhor de quatro. Então, explicaram-me que enquanto, o MI Molina precisava da vitória neste jogo para igualar o encontro, e levar o match para um tiebreak. O GM Krikor parecia tranquilo ao jogar por um empate, para definir o encontro, pois neste momento na melhor de quatro partidas. Ele estava ganhando de dois pontos a um.   



Na outra sala da plateia, quando as pretas fizeram 6... b5 e as brancas moveram 7.Bd3, a gente viu no aplicativo do celular que as brancas estavam com as possibilidades acima de sessenta por cento, com base em 110 partidas de Grandes Mestres. E uma vantagem de meio peão. Então, apareceram diversos comentários e o sentimento era que as brancas poderiam sair da abertura com jogo muito forte. Surgiram histórias de campeonatos vividos, e partidas parecidas que tiveram este ou aquele desfecho. No décimo quarto lance as possibilidades brancas estavam acima de setenta por cento. Mas, depois que as brancas jogaram o próximo lance, 15.a5, ..., o aplicativo começou a mostrar continuações igualando e apontando as pretas com chance. Contudo, as brancas seguiram a melhor continuação da posição, movendo 16. Nxc5, ... Pelo aplicativo as brancas estão com uma vantagem com quase um peão. Entretanto, no décimo sétimo lance o aplicativo apontava que o melhor para as brancas seria ocupar a coluna “c” com a Torre do Rei, mas depois de pensar muito as brancas movem a Dama para casa e4. E depois que o time preto faz o Roque menor a vantagem branca cai para um terço de peão (0,3). No vigésimo primeiro lance as pretas igualaram, depois de 21. Tfd1, h6; os comentários correram na sala da plateia diante da tela, onde mostrava o tabuleiro e os contendores ao vivo. Fiquei observando, e dava para vê nas expressões, que eles vibraram com a possibilidade do match ser empatado por Molina. Agora as pretas passaram a vislumbrar bons momentos, e podíamos sentir que a confiança aumentou por parte do condutor nas pretas. A mão passou a ser certeira em seus movimentos. E no trigésimo lance as pretas estão com vantagem de um peão sobre o time branco, depois de 30.Tac1, ... . Mesmo com a imprecisão no lance 34. ...,Dxe5, melhor seria 34. ...,Cd5, a vantagem já estava consolidada, para as pretas. Aqui o psicológico do condutor das brancas estava um pouco abalado. Enquanto, as pretas seguiam firmes, marchando com seus peões na ala do Rei. Depois do quadragésimo sétimo lance das brancas, 47.fxe5+, .... Os peões pretos começam a fazer a diferença, e da forma que as pretas estavam marchando firme o resultado não poderia ser outro. Resolvi dar uma volta pelo restaurante, já estava na hora do almoço. O sol já tinha sido encoberto pelas nuvens e começava a chover, o tempo mudou. Assim, como o jogo sobre o tabuleiro para as brancas. Tudo mudou. Antes do xeque-mate. Resolvi sair pela chuva até o carro e almoço em casa. 

Observação:
- As fotos foram tiradas depois de autorização e orientação da organização.
- Diagrama gerado no site "chess.com" o qual sou cadastrado.


Autor: Paulo Sérgio e Silva
\PSS

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