Meditação para se conhecer e jogar xadrez
Nos dias anteriores aos torneios de
xadrez da Escola, o pessoal ficava treinando em grupos pequenos. E uma pergunta
sempre vinha à tona.
– Quais os jogadores que vão participar?
Depois de saber quem ia participar, os
jogadores ficavam questionando quais as preferências dos jogadores mais fortes,
deste ou daquele. Tudo para saber o que poderíamos encontrar, quando a gente
fosse enfrentar este ou aquele jogador. E nos campeonatos universitários,
também a coisa se repetia. Se não sabia qual a linha de jogo que aquele jogador
preferia, buscava-se outro questionamento.
– Como ele é? É agressivo? É calmo? É ansioso? É metódico?
Tudo para conhecer um pouco o que vinha pela frente.
Resumindo, se você conhecer alguma
característica do oponente isto já ajudará a evitar alguma surpresa, quando for
enfrentá-lo. Entretanto, nos dias de hoje com o advento da internet e com os
recursos disponíveis, isto é, a qualquer momento podemos jogar contra um forte
adversário simulado pelo computador, embora na vida real o conhecimento do
oponente pode ter até diminuído sua importância nos dias atuais, mas ainda é um
fator confortante usado como arma, conhecer o outro, diante de uma partida
valendo posição.
E vem a pergunta.
– Antes de conhecer
o outro, nós nos conhecemos?
Para fazer um plano de aberturas um
repertório próprio, faz-se necessário o alto conhecimento. E muitas vezes a
gente nem pensa nisso. Querer conhecer o outro e ainda não se conhecer, parece
um pouco controverso. Esta é uma questão primordial para se desenvolver no
xadrez.
– Quais as linhas de jogo que eu gosto
de jogar, e quais as linha que não me sinto confortável.
Há alguns anos o sensei de Aikido
Marcos ministrou um curso sobre meditação, onde ele mostrou os benefícios, como
fazer, buscar o estado zen, trabalhar a mente. Então, trazendo para o mundo do
xadrez vemos que esta atividade pode se encaixar como uma ferramenta, para
treinar o cérebro de um jogador para enfrentar as partidas de um torneio.
Pensei que tinha descoberto algo novo, mas ao pesquisar encontrei diversos
jogadores que já fazem uso da meditação, para aprimorar suas atividades e
esforços mentais.
Em busca de leituras sobre o assunto
encontrei um livro interessante escrito pela Monja Coen e Nilo Cruz intitulado
“Zen para distraídos”. O livro apresenta ensinamentos que nos levam a busca do
alto conhecimento através do caminho para a sabedoria. E nesta busca de si
mesmo a utilização de uma ferramenta poderosa: a meditação. Achei esta obra
muito boa para quem quer iniciar no zen. Na página 40 do livro, gostei da parte
em que antes de descrever o passo a passo para fazer a meditação, isto é, encontrar
o estado zen, eles perguntam.
– “Quer encarar-se?”.
Vou fazer um pequeno resumo do passo
a passo. A atividade de meditação deve ser praticada de 30 a 40 minutos.
Procurar um local tranquilo sem estímulos (música, fones etc), sentar em lotus
no chão (forrado com colchonete ou tapete) com a coluna reta, para os
iniciantes, pode-se usar uma cadeira e sentar com os joelhos levemente
afastados. Ficar defronte a uma parede vazia. Não fechar completamente os
olhos. Ouvir todos os sons. Em silencio observar a respiração nem longa nem
curta, sentir o corpo, sentir a diferença de temperatura do ar ao respirar que entra
e que sai. Estar consciente e presente. Ao longo da meditação não dar importância
aos estímulos externos e pensamento, não dar força a eles, sempre se deve
voltar para a respiração e sentir os diversos pontos do corpo. Quando for sair
da meditação fazer movimentos lentos, sentir como está o corpo, pernas, contatos
da roupa, tronco, mãos, cabeça e abrir os olhos devagar. No livro é sugerido
que seria melhor se juntar a um grupo, para obter melhores resultados,
principalmente, para os iniciantes.
Esta é uma boa prática. Como o xadrez,
a meditação é uma atividade mental, que leva o praticante a um estado zen, consciente
do eu, cria novas sinapses neurais, amplia a visão de mundo, faz sentir parte
de algo maior, além do alto conhecimento. Afirmo que a busca do caminho só pode
fazer o bem, para você seus entes e para o seu xadrez.
Referências:
- Meditation
and chess (Meditação e xadrez); http://roman-chess.blogspot.com/2011/12/meditation-and-chess.html.
- Meditation as chess
training (Meditação como treinamento de xadrez); https://www.habitsofchesssuccess.com/meditation-as-chess-training/
Bibliografia:
Monja Coen e Nilo Cruz; Zen para
Distraídos. Editora Planeta do Brasil LTDA, São Paulo, 2018
Autor: Paulo Sérgio e Silva
\PSS
O texto ficou ótimo!!!
ResponderExcluirMuito agradecido!
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