Jogo de Xadrez e Bicho


Quando ainda morava na casa dos meus pais na velha Rua Costa Sousa no Bairro do Benfica, Fortaleza-CE. Uma coisa que me deixava um pouco irritado; era quando chagava alguém pedindo para eu ir fazer uma aposta no jogo do bicho. Quase sem era um vizinho ou outro, que vinha pedir. E ao fazer o mandado a gente sempre perdia a vezes, e a garotada não perdoava. Saiu, perdeu! Uma vez reclamei para meu pai, que não era justo atrapalhar o jogo de xadrez com estas tarefas. Ele disse que o jogo de xadrez tinha muito haver com o jogo do bicho, porque o jogo do bicho tinha cavalo, assim com no xadrez. E se fosse estudar mais, poderia saber que no passado o xadrez poderia ter tido mais bichos. Porque o jogo de xadrez até ter chegado a esta forma deveria ter tido outros animais. Então, os jogos são quase os mesmos. Tudo tem bicho.



Mas, estes argumentos eram apenas para convencer que a tarefa fosse realizada. E sua proposição sobre o xadrez parecia estar fundamentada em suposição. Pois, sabemos que os jogos são bem diferentes. O jogo do Bicho não é milenar. Foi inventado no Rio de Janeiro, no ano de 1892,  e se espalhou por todo o território nacional mesmo sendo uma contravenção. No bairro tinha gente que diariamente apostava seu pouco dinheiro nesse jogo. As pessoas participavam apostando de diversas formas neste jogo, que é composto de vinte e cinco grupos, e cada grupo enumerado de 01 a 25 tem um bicho correspondente, conforme a tabela abaixo. As apostas mais comuns são: apostar no grupo, na dezena, na milhar etc. Visto que o formato dos números sorteados é o mesmo da loteria oficial, isto é, quatro algarismos. O interessante é que quase sempre uma aposta vinha de um sonho, fulano sonhou no elefante, assim apostava no grupo ou nada dezenas ou na milhar do bicho sonhado. E uma coisa era certa, se ganhou o prêmio. Recebeu. Isto era o bastante para sustentar a fama do jogo.



Fiquei pensando naqueles argumentos por algum tempo, onde aparecia o xadrez contra os bichos. Até que na Escola Técnica, um amigo me emprestou um livro que tinha um texto sobre figuras de animais no xadrez ao longo da história. E dependendo da cultura e da época em alguns países o xadrez sofreu algumas adequações locais. Por exemplo: no Tibet, o Rei foi substituído pelo Leão; foi usado o Tigre no lugar da Dama; e o Camelo ou Elefante no lugar do Bispo. Na índia, ainda no xadrez antigo, o Elefante substituía o Bispo. Na Arábia, o Melro (um pássaro mítico de duas cabeças, que podia capturar um elefante com suas poderosas garras) no lugar da Torre. Em Burma (Myanmar), o Macaco foi usado no lugar dos Peões. Atualmente, no xadrez contemporâneo o Cavalo é usado no lugar do Cavaleiro. E nada, nem um jogo chega perto do xadrez com seus mistérios e desafios mentais. Assim, vamos jogando o nobre jogo sem loterias por perto.

Bibliografia
Horton, Byrne J. – Moderno Dicionário de Xadrez, IBRASA, São Paulo, 1973.

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Autor: Paulo Sérgio e Silva
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