Uma história do tempo das caravelas.
Depois do
descobrimento da América e a chegada dos portugueses ao Brasil. Navios de diversas nações vindos do velho continente civilizado passaram a aparecer no litoral brasileiro com frequência, principalmente, na
vasta costa das terras portuguesas ainda não colonizadas. Em particular, por estas águas
passava um navio de bandeira espanhola, que vinha em busca de pedras preciosas,
mas saíram da rota depois de serem castigados por tempestades que os empurraram
para o litoral sul. Nesta caravela a tenção não era diferente das demais, como ocorria em outros navios desta época, também sempre existiam rusgas e buchichos, ou, mesmo inimizades entre os membros
da tripulação. Numa destas rixas estava um jovem italiano, com sua roupa
xadrez, que contava com alguma antipatia por parte de alguns tripulantes do navio
Cruz Santa de bandeira espanhola. Desgarrado do restante
da esquadra expedicionária, a Nau tentava voltar seguindo agora rumo ao norte. Enquanto isso o jovem italiano descobriu que alguns marinheiros estavam
desviando parte da carga, composta de objetos e pedras preciosas, que tinham
obtido dos nativos em outras ilhas ao norte. Assim, estas peças pertenciam à coroa espanhola.
Caravela espanhola
Esta má sorte recaiu sobre o jovem Paolo de Palermo que estava naquela viagem em busca de aventura. Ao ser descoberto o
rapaz se viu numa enrascada. Mesmo prometendo que não contaria nada sobre o
ilícito, os camaradas bateram muito nele com vontade. Até que o rapaz parecia morto, e para completar o serviço resolveram jogá-lo ao mar. Quando bateu na água
acordou, com esforço conseguiu voltar à tona, sempre que tentava se mover sentia muitas dores. Limitou-se a
boiar, manteve a calma, encheu os pulmões de ar e ficou reto. Pois, deveria
estar próximo da costa, visto que há pouco tempo a caravela tinha saído de
uma enseada. Com o passar das horas o medo do incerto aumentava. O corpo estava ficando enrijecido ainda
consequência da sova. E o sol do dia o maltratou bastante,
estava ficando cansado, contudo não podia fraquejar. Quando tentava mudar de
posição, logo começava a afundar e a ser coberto pelas ondas. E rapidamente
tinha que tomar a posição de dantes e manter o equilíbrio. No fim do dia antes
do por do sol uma chuva se aproximava. Passou a subir e a descer com maior
velocidade dentre as ondas, que aumentaram. Viu que não poderia suportar por muito
tempo, começou a pensar em sua história e rezou pedindo uma nova chance. Tentou
nadar, para vê como estava, e não conseguiu. Voltou a boiar, seguia à deriva ao sabor do mar. Estava sendo conduzido pela vontade da correnteza. Quando de repente algo emparelhou com
seu corpo, quando observou melhor. Era um tronco, um pedaço de árvore, pois isto confirmava que estava próximo da costa. Este objeto fez a esperança ascendeu. Fez num
esforço imenso com tudo que podia, conseguiu se apoiar naquele
sujo madeiro. Sentiu-se grato pelo auxílio dos céus. Ficou aliviado e por um momento esqueu da infeliz situação. A noite vinha chegando e a
escuridão cobriu todo o horizonte..
Estava chegando a
casa, o caminho estava encharcado cheio de poças d’água, e sua roupa xadrez
toda molhada, e a noite seguia fria e escura sob uma chuva fina. O vento soprava
mais forte e mais forte, aguçando o frio. Agora as árvores se agitam e até parece
que uma delas vai cair, tenta sair, mas está atolado numa poça de lama. A
árvore vai cair, caindo para cá, e é inevitável o impacto. Neste momento ele
grita. Coloca a mão na frente da cabeça e sente as pedras do litoral. Acorda do
sonho. Tudo é pedra, o tronco se desprende e vai com a maré para o quebra-mar
sobre os rochedos. Fica a terrorizado, o próximo será ele. Precisa sair daquela
correnteza. Sente que a hora é esta, mergulha e procura outra direção rumo e bate num
banco de areia. Então é puxado. Quase consegue chegar, mas a onda continua apuxa para um lado e depois o
empurra para o outro. A chuva não dá trégua. Observa no meio da luta contra o mar, que o dia está chegando, já
consegue vê as nuvens e os primeiros raios de luz ainda distantes. E finalmente
chegou à praia. Sem forças, desfaleceu.
Quando acordou
estava numa gruta, devidamente protegida, Viu ao redor, e por uma fresta da
rocha podia vê a enseada e parte da beira-mar. Tentou se mover, sentiu dores e
vi alguns cipós que prendiam algumas folhas de erva, contra os machucados.
Estava sentindo frio, devido a febre, explorou e examinou as ervas postas sobre
os ferimentos. Também, havia uma cuia com água e outra com um tipo de massa,
que ele já tinha ouvido falar de marinheiros de expedições anteriores. Esticou o braço e pegou a água e
depois aos poucos se alimentou. Tudo estava confuso, os pensamentos eram
desencontrados. Dormia e acordava, quando respirava mais forte doia. O dia passou lento. A água estava acabando.
Tinha naquele lugar muita dúvida e incógnita. – Como chegou ali? E muitas
outras perguntas. Mas, as dores e o mal-estar estavam presentes, além da
sensação de cansaço. Pouco antes da noite chegar ouviu um barulho de alguém se
aproximando, contudo não tinha muito a fazer se não esperar. Uma sombra
apareceu, e por trás dela veio à imagem de um velho marujo, que o cumprimento
em inglês. E o moribundo respondeu em espanhol. Como não recebeu resposta, falou
em italiano, mas o envelhecido anfitrião voltou a falar. – Não falo muito bem
espanhol. E vamos fazer um tratado: aqui não estamos em guerra. – Ele estava
fazendo referência à guerra anglo-espanhola de 1585 a 1604.
E Paolo ficou
aliviado. E se apresentou. – Sou Paolo de Palermo, Itália.
O anfitrião
perguntou. – Qual o ano cristão?
O rapaz respondeu,
rapidamente. – Ano de 1600.
O velho marujo retrucou.
– E eu sou John Home. E estou aqui já há algum tempo. Uns cinco anos, talvez.
Meu barco afundou e vim parar nestas praias, assim como você. Os nativos potiguaras
cuidaram de mim, e agora moro isolado com minha nova família fora da tribo. E
quando os guerreiros o viram caído na praia foram me chamar. E recebi a missão para pegar
e cuidar do desconhecido. E por não poder pegar peso, eu o deixei neste abrigo próximo da
praia. Este foi o melhor lugar que encontrei para deixá-lo. Falei para os
amigos nativos que você estava muito doente. E que seria melhor aguardar até ficar
bom, para as apresentações. Os nativos estão desconfiados que os forasteiros
trazem mal agouro, má sorte. As tribos que se juntam aos estrangeiros passam a fica doentes.
O rapaz perguntou.
– Do seu barco houve outros sobreviventes?
E o velho calado
apenas balançou a cabeça negativamente. Levantou-se e disse. – Então, vou
deixar um pouco de comida e água. Amanhã voltarei.
E assim, em pouco
tempo o recém-chegado pode se recuperar e sair daquele lugar. E o velho John
mostrou as redondezas, e como aprendeu encontrar e preparar os alimentos com os
seus amigos nativos. Também, alertou que devia ser amistoso com os nativos, que
era importante saber o seu lugar e respeitar os costumes deles. Manter
distância. Ajudá-los somente quando convocado. Desta forma, melhor se recuperar
totalmente antes de apresentá-lo aos amigos. Pois, estes nativos são amigos,
mas os Tabajaras são guerreiros inimigos, que vivem no interior, e de vez em
quando aparecem para fazer guerra.
Num outro dia, o
anfitrião continuou a conversa dizendo. Que ele desfez a ilusão dos nativos,
que inicialmente pensavam que as caravelas vinham dos Deuses. E os poucos
exploradores que chegaram anteriormente enganaram os nativos de outras tribos,
e acabaram sendo mortos. E existe a possibilidade dele um dia voltar. Visto que
há algum tempo, ele tinha visto um navio português, e em outra ocasião, um francês
explorando o litoral. Enchendo o rapaz de esperança de que logo poderia voltar
para casa. Enquanto isso
continuou ensinando como era viver naquele lugar. Mostrou outras atividades
como fazer o fogo, armadilhas de caça, tipo quixó, e a pescar. Levou o
forasteiro até sua tenda, onde vivia com uma nativa, filha do chefe indígena, e
seus filhos. Mas, o rapaz preferiu ficar abrigado na gruta, onde poderia ver o
mar, e não queria criar raízes naquele fim de mundo.
E no final da
segunda semana, o novo morador estava preparado para ser apresentado aos
nativos. Então, o velho John
levou Paolo para ser apresentado aos nativos, deixando claro que o rapaz era
amigo e poderia ajudar quando convocado. Foi bem recebido por todos, então
fizeram uma reunião na casa do Pajé, era uma grande cabana, que os nativos
chamavam de “oca”. Este encontro seria para conversar e ter detalhes do novo
amigo estrangeiro. Quando foram interrompidos por um dos guerreiros. O nativo
informou que ao chegar a uma colina, viu através da vegetação um barco na
enseada do Mucuripe, então voltou rápido para avisar. O velho marujo informou
aos líderes da tribo, que esta poderia ser a chance do visitante voltar para a
terra de onde ele veio. Os nativos concordaram que ele poderia levar o rapaz
para os seus. O jovem ficou eufórico, e pensou qual seria a bandeira do barco,
mas foi alertado pelo amigo que independente de que bandeira fosse seria melhor ir.
Foram rápido em
direção à enseada. Mas, antes o velho John deixou claro que ficaria, pois não
tinha mais nada com aquele mundo. E pediu ao amigo que não falasse sobre a
existência dele e deste povo. E continuaram rumo à beira-mar para encontrar a
Nau. Em dado momento, o velho parou e disse que dali em diante ele deveria
seguir sozinho, o rapaz se voltou e deu um abraço de agradecimento. E foi
rápido.
Um bote com alguns
tripulantes estava saindo da praia, quando ouviram os gritos do rapaz. Eles
acenaram e o jovem caiu na água e nadou até o bote. Que sorte, eles já estavam
indo embora. Eles eram franceses e pararam para um pequeno reparo, e o capitão
aproveitou para explorar rapidamente o litoral. E como estava precisando de mão
de obra, exceto as portuguesas, seria bem-vindo ao navio. E
assim, o jovem Paolo de Palermo voltou para a Europa, depois desta aventura em
terras além mar. E passou a contar o que viu e aprendeu com os selvagens das
novas terras. E a história continua...
Rodeado por
meninos, o velho contador de histórias citava detalhes e detalhes, e se alongava
pela noite, as histórias ou estórias eram recheadas de guerras, piratas, reis e
rainhas. Algumas vezes citava os anos, que se encaixavam quase sempre com a
história dos livros, E quando perguntado de onde vinha esta história, ele
respondia que tinha ouvido de seu avô. E estava passando para os seus netos e
crianças outras, assim como passaram para ele. Em particular, infelizmente,
lembrei-me apenas desta parte da história. Depois que o vôvo foi embora, ficaram as lembranças de algumas partes dos contos em nossas mentes. E a vida continuou, na mesma
calçada, algum tempo depois, as reuniões dos meninos já não eram mais em torno
do velho contador de histórias, e sim ao redor do tabuleiro de xadrez. E foi muito jogo de xadrez...
Tabuleiro de xadrez
Referência.
- Esta história me foi contada pelo meu avô Seu Julho, que reunia os
meninos da vizinhança. E passava horas entretendo os pequenos.
- Muidei o primeiro nome do rapaz só para dar um toque pessoal. Estava em dúvida qual o nome citado pelo velho amigo vôvo Julho.
Autor: Paulo Sérgio e Silva
\PSS
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