Xadrez – Ao mano Claúdio em Memorium
Agora gostaria
de conversar sobre um jogador de xadrez simples, que não participou de torneios
e nem de jogos oficiais, e também não jogava com frequência, pois atualmente se
dedicava inteiramente à família e ao trabalho numa Empresa de Petróleo, onde
era Engenheiro, um grande profissional. Ele é o meu irmão, Claúdio Batista e
Silva, que tem sua data de aniversário no mesmo ano que eu, 1959.
Compartilhamos esta curiosidade com amigos durantes todo este tempo, e as
pessoas sempre perguntam: – como foi que aconteceu isso, mesmo ano?
Ainda em novembro
de 2019, ele queria saber como era jogar xadrez na internet. Conversei com meu
irmão Claúdio sobre as potencialidades dos sites e programas de xadrez. Como
tirar o máximo proveito destas ferramentas, a fim de praticar o nobre jogo.
Também, conversamos sobre livros e “e-books” de xadrez, para que ele começasse
a ler, pois desejava voltar paulatinamente a jogar e estudar xadrez diariamente
visto a proximidade da aposentadoria. E também o mano tinha receio de fazer
feio. Até falei que perder partidas não é nenhum demérito, tendo em vista que
são sobre estas valorosas derrotas que devemos conhecer e corrigir nossas fraquezas.
Mas, não houve tempo dele adquirir os
conhecimentos e voltar a jogar. No dia 14 deste mês de Janeiro de 2020, o meu
querido irmão veio a falecer. Foi acometido de uma doença chamada vasculite.
Uma doença alto imune que os médicos não conseguiram controlar, e que levou ao
fim a vida de uma grande personalidade. Gente muito boa!
Nós aprendemos a
jogar xadrez na Rua Costa Sousa, Fortaleza-CE, entretanto o mano e os meninos preferiam ficar
jogando entre os aprendizes, enfrentando adversários mais fáceis de serem
batidos. Não gostavam de jogar contra o campeão da Rua, José Joca, que nos
ensinou a jogar xadrez. Contudo, diferente dos manos e amigos, sempre que tinha
uma oportunidade eu preferia jogar contra o campeão da Rua, enquanto meus
irmãos jogavam xadrez com os demais garotos. E quando aparecia alguém com uma
bola de futebol, eles sempre paravam de jogar xadrez. Por outro lado, eu
continuava a desafiar o melhor da Rua. Veio a Escola Técnica, e meus irmãos só
participavam de partidas de xadrez esporadicamente. E com o passar do tempo o
meu irmão Claúdio passou a jogar xadrez raramente, e mesmo assim ele ensinou os
três filhos dele a jogar xadrez. É tanto que na última vez, que fiquei
hospedado em sua casa em Manaus-AM. Fiquei num quarto, que tinha um grande e
belo tabuleiro de xadrez. Na oportunidade fui para participar da semifinal do
Campeonato da Confederação Brasileira de Xadrez, regional Norte e Nordeste, no
final de 2017. Passei uma semana em sua casa e meu irmão ia me deixar no início
das rodadas, e ia me pegar ao final. Coisa de pai para filho, isto é, de irmão
para irmão. Almoçamos e jantamos juntos sempre num lugar diferente, qualquer
intervalo dos jogos era motivo para ele me mostrar um lugar da cidade. Até
fizemos uma visita maravilhosa à casa de amigos. E também visitamos o mercado
de Manaus, ele descreveu com detalhes todos os pontos interessantes daquele
local pitoresco da cidade, falou que ia com frequência fazer compras lá, e até
alguns comerciantes já o conheciam. O mano tinha um daqueles corações bem
grande, e fazia amigos como nunca. Muito gentil e pacato, dificilmente
levantava a voz, gostava de servir e ajudar o próximo. O estranho é que há
algumas semanas antes estávamos conversando sobre a futura aposentadoria dele,
ele tinha certeza e acreditava piamente que iria sair dessa e voltar às
atividades. A ficha deve ter caído cinco dias antes da data fatal, quando ele
ficou calado por dois dias, falou pouco e não se comunicou com a gente de
nenhuma forma, e veio a última crise. Agora ele é saudade.
Infelizmente,
não tenho partidas dele, quando fui ao site “chess.com” não encontrei nenhuma
partida dele, pensei ter visto alguma, ou devo ter me enganado. Entretanto,
escolhi uma partida concluída que joguei no “chess.com”, fiz uma análise no site
e enviei para ele, para discutirmos falhas e acertos. Estou jogando com as brancas.
E aqui fica o
adeus a Claúdio Batista e Silva, com todo o carinho, um de meus leitores fiéis.
Uma curiosidade é que tenho vários jogos de peça em casa, contudo comprei mais
um jogo de xadrez completo do mesmo jeito que havia no quarto, onde ele me
hospedou há alguns meses atrás. Lembro que quanto menino ele não gostava de
perder, e agora com o passar do tempo ele estava mais cordato, sabendo que a
derrota faz parte do aprendizado. E sobre o novo tabuleiro, este é como um
troféu das vezes que tivemos a oportunidade de jogar nossas partidas de xadrez,
informais de certo. Quando olho para este tabuleiro vejo que ainda poderíamos
ter jogado muitas partidas, mas o destino não quis. Que o mano esteja em paz! Um
abraço a todos!
Observação: no diagrama, sobre a pontuação dos lances temos por unidade o “peão”. E quanto o sinal do número: se for positivo significa vantagem do time branco e se for negativo vantagem do time preto. Por exemplo: +0.50, significa que o branco tem vantagem de meio peão nesta posição.
Referência
- Esta análise foi feita por mim no ambiente do
"chess.com" o qual sou filiado. Espero que tenham
curtido a partida. E caso queiram jogar pela internet, temos o site "chess.com", é muito, muito divertido.
- A
anotação das Peças= inglês/português: Torre=R/T; Cavalo=N/C;
Bispo=B/B; Dama=Q/D; Rei=K/R; Peão=P/P;
Autor:
Paulo Sérgio e Silva
\PSS
Diário de vida que vivi e quanta saudade desses tempos idos e bons de brincadeiras urbanas, de rua... essa saudade só tem aumentado com a partida do mano.
ResponderExcluirCaro mano, muito grato pelos comentários, também, sinto a falta do nosso querido mano, que se foi. Contudo, a vida deve continuar. Um grande abraço!
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