Xadrez – Dia Internacional da mulher e o Grand Prix 2020
Neste jogo fascinante difícil de
domar, onde a figura mais forte é feminina, não poderia ficar esquecido no Dia
Internacional da Mulher. O xadrez tem suas facetas, e uma delas é este feudo
praticamente matriarcal, mesmo o Rei sendo a figura mais importante é a sua
preferida que o defenderá com todas as forças até mesmo com a vida. Contudo,
enquanto no tabuleiro ela é soberana nas decisões para defender o reino, por
ela os soldados, cavaleiros e bispos se desdobram num sacrifício muitas vezes
insano, tudo para manter a Rainha em combate. Contudo no mundo real, as Rainhas
têm que continuar batalhando contra os preconceitos, que estão implantados
culturalmente em diversas nações, umas mais e outras menos.
Contudo, falando em mulher nestes dias
a FIDE, Fédération Internationale des Échecs, está promovendo um torneio de xadrez grandemente selecionado com as melhores jogadoras do mundo: 2020 FIDE Women's
Grand Prix, isto é, o Grand Prix Feminino da FIDE 2020, o qual está sendo
realizado em Lausanne – Suíça, que está acontecendo agora até o dia 14 de março. Assim, deste campeonato tiramos nossa partida de referência, para nossa apreciação.
Quando falam em dia da mulher lembro-me
das batalhadoras mães, que não se miraram no exemplo daquelas mulheres de Atenas,
que “elas não têm gosto ou vontade, nem defeito nem qualidade, têm medo apenas...”
como diz a canção do grande compositor Chico Buarque. Elas vão além à busca de
um lugar de igualdade, justiça e humanidade nas relações sociais e
trabalhistas. Minha mãe Dona Maria Antonieta era uma parte como as falenas, que
vivia para os seus filhos e para o seu marido, mas também tinha um pouco mais. Um
pouco das mulheres que batalham e discutem até conseguir o que querem. Quando não
tinha muito que comer o prato dela era sempre o menor, dizia que não estava com
fome. Fazia tudo para defender sua família. Lembro-me de um fato, quando ela
foi a Escola que decretou feriado a semana inteira, semana da independência, procurou a direção dizendo que era um feriado de um dia só, era o dia 07 de setembro, e
pronto. Acabamos saindo desta Escola naquela mesma manhã, três filhos agora
fora do sistema de ensino, e ainda num mês próximo do final do ano, entretanto
no mesmo dia ela foi à outra Escola, agora municipal. Lá esperamos bastante, depois falou com um,
falou com outro. E finalmente a diretora resolveu que faríamos um teste rápido para
verificar nosso nível. Ainda era antes do recreio da tarde, quando fomos os
três encaminhados para uma sala e a diretora instruiu a professora sobre nosso
caso. Entregaram-nos três folhas com algumas questões, e a última página estava
em branco para a gente escrever um ditado. O pessoal da sala saiu para o
recreio e nós ficamos fazendo o teste, e no final a professora ditou um curto
texto para avaliação de nossa escrita. Naquela tarde da semana da pátria, quando
fomos liberados pela professora antes dos demais alunos, encontramos a mamãe e
a diretora esperando. Pouco tempo depois saiu o resultado de nosso teste e
fomos matriculados no Grupo Escolar Figueiredo Correa. Ela resolvia tudo em casa, definiu que deveríamos estudar.
Isso era tudo, as notas baixas na Escola eram duramente discutidas, e quando
ela falava para o papai, Senhor Manuel, a coisa pegava. Quando chegou nossa
irmã, a mana Regina Célia, fomos convocados a contribuir em casa, pois antes de
ir jogar bola, e no meu caso: xadrez. Antes de ser liberados tínhamos que
varrer a casa, ou lavar a louça, ou engomar as roupas. Tinha uma tabela, tudo
disciplinado. Pessoalmente, detestava engomar as roupas era demorado e
enfadonho. Tendo em vista as reclamações acho que os manos detestavam as três tarefas.
Era assim, que ela controlava nossos afazeres e o orçamento da casa. Imagino
que existem muitas Marias Antonietas por ai, que batalham dentro de seus lares,
e também, existem as Marieles Francos que questionam e desafiam o sistema por
mudanças políticas. E esta data pertence a todas estas mulheres que lutaram e lutam, mesmo
as mulheres de antenas da canção, também constroem esta corrente feminina, com
certeza para formar uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.
Na partida de hoje entre Aleksandra Goryachkina, time branco, contra Alexandra Kosteniuk, time preto, que escolhe uma linha agressividade
para o time preto, que desde o começo seguiu avançando, tomando espaço e
batendo. Contudo do outro lado a condutora do time branco seguiu fazendo um
jogo cuidadoso, defensivo, mas sem ser passivo. Em certos momentos vemos que a
jogadora do time branco escolhe as linhas conservadoras, e no final acaba
demolindo o avanço e o ímpeto do time preto. Vamos ao jogo em homenagem ao Dia
Internacional da Mulher.
Feliz Dia Internacional da Mulher!
Observação
- Sobre a pontuação dos lances
temos por unidade o “peão”. E quanto o sinal do número: se for positivo
significa vantagem do time branco e se for negativo vantagem do time preto. Por
exemplo: +0.50, significa que o branco tem vantagem de meio peão nesta posição.
- Esta análise foi feita por mim no ambiente do
"chess.com" o qual sou filiado. Espero que tenham
curtido a partida. E caso queiram jogar pela internet, temos o site "chess.com", é muito, muito divertido.
- A
anotação das Peças= inglês/português: Torre=R/T; Cavalo=N/C; Bispo=B/B;
Dama=Q/D; Rei=K/R; Peão=P/P;
Referência
Autor:
Paulo Sérgio e Silva
\PSS
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