Xadrez de outro mundo e uma abdução

 Uma história para trabalhar com a imaginação e fazer viajar pelo espaço aqui mesmo na Terra.

Walber (é como vamos chamar) era um engenheiro muito trabalhador, que tinha uma esmerada inteligência. Ele adorava ser o redator das reuniões de trabalho, principalmente, aquelas onde o tema era polêmico. Adorava uma discussão, um embate de ideias, contudo passada a contenda tudo voltava às boas, sem ressentimentos. Era um sujeito grande e forte, que mal cabia em carro Fiat. O interessante era que ele tinha sido abduzido por seres extraterrenos, conforme costumava contar. Aquela história sempre arrancava gargalhadas acaloradas pelos corredores.  Quando tinha uma oportunidade, eu o instigava a tocar no assunto da abdução, pois algumas facetas de uma mesma história surgiam.


                                      Imagem é uma composição: xadrez de outro mundo

Um dia estava eu saindo para viajar a serviço, e o trajeto leva umas quatro horas até o meu destino. Quando fui informado que um engenheiro estava precisando, também, viajar para Mossoró. Era Walber, o homem que foi abduzido. Fiquei feliz pela boa companhia que teria naquela viagem.

Durante o trajeto conversamos diversos assuntos: política do governo; assunto sobre as missões que teríamos nesta semana; sobre futebol e falei da situação do Ceará Sporting; outros assuntos foram conversados e chegamos a falar sobre xadrez, neste momento contei a respeito da situação de minhas partidas por correspondência. Ele ouviu bastante, até que me interrompeu e perguntou: – Você já sabia que fui abduzido? Respondi, – Sim! E começou o relato sobre o ocorrido. Particularmente, até gosto dos assuntos sobre Óvnis.

Numa noite, quando saiu do trabalho bastante tarde. Pegou seu carro Fiat, entrou com a dificuldade de sempre, pois era bem grande e pesado, e estava cansado. Enquanto o Fiat, ano 1980, era pequeno e justo, embora estivesse bem adaptado e acostumado com aquele carro, naquela noite ele sentiu certa dificuldade. Seguia pelas ruas mal iluminadas, havia uma chuva fina insistente, quando ao virar a esquina de repente o carro parou sozinho e uma luz forte cobriu o carro. E num piscar de olhos ele acordou sobre um tipo de maca, cheio de fios, gente estranha com uniformes, o lugar parecia um laboratório. Viu suas roupas e pertences, também sendo examinados. Estava envolto num tipo de tecido diferente. Tentou falar, mas a única voz que ouvia era a dele, quando tentava falar o som dos extraterrenos desaparecia. Então, começou a prestar atenção e ouvir ao redor. Percebeu que aquela gente falava com a mente, e que não sabia que linguagem era aquela, embora de fato ele estivesse entendendo. Os seres de cabeça grande tinham tirado amostras de tecido de diversas partes do seu corpo. Uma vez ou outra ele sentia um incomodo. Eles passaram um líquido em seus ferimentos, e com o passar dos segundos as pequenas incisões foram desaparecendo como mágica. Tinha um dos seres estranhos que o acompanhou e começou a conversar, era um tipo de estudioso, que continuou fazendo interpelações, e de contra partida também respondia as suas indagações. Foi muita conversa, sobre os habitantes da terra e sobre a avançada civilização extraterrena. Ele disse que durante a troca de conhecimentos, o extraterrestre mostrou um jogo similar ao xadrez, que não era quadrado, inicialmente tinha uma forma de um hexágono, também dividido em pequenos quadrados. Diante de cada jogador tinham umas dez casas, e mais peças, que também tinham figuras. Os pequenos quadrados tinham várias cores, que mudavam conforme a nova partida. Inicialmente, o tabuleiro era afeito a receber duas pessoas, mas se outra pessoa sentasse à mesa para jogar, o tabuleiro abria uma nova face para o novo jogador, onde deveria ter o quarto jogador aparecia com uma área de exclusão. Área esta que desaparecia quando o quarto jogador sentasse a mesa. Sempre aparecendo três lados, para recebe o novo participante. O limite era o tamanho da mesa, mas o comum era jogar apenas dois, e um máximo de quatro jogadores por vez. Cada time tinha 20 figuras, que podiam incialmente ocupar as três fileira a frente do jogador de forma aleatória. Não era necessário pegar nas peças, bastava pensar em fazer o movimento, e o lance era realizado. Cada tipo de peça tinha o seu movimento e a forma de captura das peças era similar ao nosso xadrez, e o objetivo era anexar os três lideres do exército oponente. Tinham peças que numa área do tabuleiro tinha um movimento, e que ganhavam certas facilidades quando estavam nas laterais em diagonal do tabuleiro. A peça capturada mudava de cor para a do time dominador, e voltava ao tabuleiro por um dos quadrados na terceira fileira entre os dois jogadores envolvidos na disputa, para lutar pelo seu novo time. Quando todos os três comandantes lideres de um time são conquistados, todo o time era integrado ao vencedor. Assim, o jogo terminava quando todas as peças sobre o tabuleiro estavam com a mesma cor do vencedor. 

               Exercício de imaginação como seria o tabuleiro simplificado do jogo do espaço para 2


Em certo momento Walber foi inquirido pelo anfitrião, que o perguntou sobre o que ele achou do jogo. Ele olhou bem e disse, o cálculo para cada lance desse jogo é muito complicado, deveras complexo. O astronauta retruncou dizendo que com algumas adaptações seria capaz que qualquer terráqueo conseguisse jogar este belo jogo. Então, ele disse que na terra tinha um jogo similar, que também tinha um tabuleiro e tinha milhares de posições e combinações possíveis. Passaram dias trocando ideias sobre tudo, eles estavam aprendendo muito sobre o planeta Terra. Os seres garantiram que ele seria devolvido, assim que o estudo fosse concluído. E ficou sabendo que as informações daqueles momentos de abdução seriam gradativamente apagadas, logo depois que retornasse. Então, a vida ia continuar como antes. Ao final de cada período, ele deitava para repousar, quando acordava tinha alguns curativos pelo corpo, e que logo eram sarados. Concluiu que eles estavam fazendo um banco de células humanas, para futuros estudos.


       Exercício de imaginação como seria o tabuleiro simplificado do jogo do espaço para 3 ou 4


Certa vez, quando acordou depois de um período de descanso, ele ficou cara a cara com seu clone. Ora, ele tinha uma visão e logo mudava de ângulo, era como se estivesse vendo do clone. Nessa nave espacial tudo está interligado intensamente, assim limites são postos em certas áreas respeitando a privacidade dos indivíduos. Walber se sentiu confuso, como estava sabendo desta informação. E se perguntou: – Você é o meu clone, minha cópia? E o outro disse: – Você é a minha cópia?

E foram levados para salas separadas. Mas, de vez em quando, ele estava na outra sala. No período antes do retorno, acordou deitado numa mesa de cirurgia e ao lado estava o clone, que tinha os mesmos curativos que ele. E os lampejos continuavam, ele de vez em quando via como se fosse o clone. A sala ficou muito iluminada até ele perder o sentido.

Acordou e ouviu algum carros buzinando, outros passaram rapidamente. Estava parado dentro do carro, ainda com os curativos. Foi para casa. Quando chegou, ouviu a mulher chamar seu nome. Depois de ouvir sua resposta, ela ainda na cama falou para ele tomar banho e vir dormir. Olhou no relógio digital da sala e viu que tinha voltado para o mesmo dia e hora. Passaram-se apenas minutos. Quando foi interrompido. Era sua esposa, que pediu mais uma vez. Então, ele foi para o banheiro parou diante do espelho e se examinou. Não conseguia tirar as bandagens, isso vai servir de prova. Pensou.  Entrou automaticamente no chuveiro, então parou de repente. A bandagem do braço estava se desfazendo ao contato com a água. Saiu do chuveiro, mas as marcas do seu corpo também estavam desaparecendo. As provas de sua aventura agora estavam desaparecendo, não teve como. Não conseguiu tirar nenhuma foto. Rapidamente, pegou o pijama e foi para a sala fazer algumas anotações sobre o que lembrava, pois não sabia até quando ficaria com essa memória. Escreveu por algumas horas, até o cansaço o abater. Dormiu sentado sobre o teclado. Acordou com uma ressaca, o dia estava clareando, e foi para a cama. Neste dia levantou cansado, e os meninos perguntaram sobre o aviso que estava no computador: “lembrete da história de abdução”. Depois de lê as anotações: ainda hoje ele se pergunta: – se esse sou eu verdadeiramente, ou, se eu sou apenas cópia?

Essa história mesmo se verdadeira não pode ser comprovada. Provavelmente, pode ser fruto da provável imaginação. A mesma imaginação que serve de lastro, para as grandes invenções da humanidade. É certo que o jogo de xadrez também pode ter suas versões extraterrenas por ai, pois é um jogo incrível que desafia os seres humanos há séculos. Com suas incontáveis posições, só para ter uma ideia. Segundo o livro, O jogo Imortal: “Após três laces, os jogadores já escolheram uma entre aproximadamente nove milhões de possíveis posições para suas peças.” Não é incrível, então não nos admira que existam outras versões do Jogo Imortal pelo universo a fora.


Observação

- Esta história se similar à outra que possa conhecer é simplesmente uma coincidência.

 

Bibliografia

Shenk, David; O jogo Imortal; Editora Zahar; Rio de Janeiro-RJ, 2007 (página 77).

 

 

 

Autor: Paulo Sérgio e Silva

\PSS


Comentários

  1. Todos nós nos lembramos que grandes ideias e invenções surgiram a partir das ficções, dos sonhos dos homens. E a ficção da abdução é um desses sonhos que se transformar em realidade.

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