Xadrez – Comentários sobre a minissérie Gambito da Dama
De repente os amigos começaram a comentar sobre uma minissérie da Netflix, “The Queen's Gambit”, diziam que o programa tinha haver com xadrez, mesmo amigos que não jogam xadrez gostaram bastante do que viram. Então, corri para ver o filme, isto é, a série. E realmente fiquei muito surpreso, pois a série é muito boa e tem um interessante o enredo. A história começa com a infância de Beth Harmon, logo após perdeu os pais num acidente de carro e vai para um orfanato. Entre as aulas, ela conhece o zelador do orfanato diante do tabuleiro de xadrez, assim que vê o jogo de xadrez ela fica fascinada pelo mesmo. – Sei como é! A imagem do jogo fica na sua mente, pois aconteceu comigo quando vi o jogo pela primeira vez, naquela noite nem dormi direito só imaginando o jogo, como as peças brilhavam. Mas, não desenvolvi este poder mental tão bem como a personagem da série.
Este funcionário do orfanato é convencido por Beth a lhe ensinar a jogar
xadrez, e o instrutor a apresenta ao seu primeiro livro de xadrez. Aquela
menina descobre uma combinação entre o jogo da mente e o uso de remédios. Os
remédios, tipo psicotrópico, que as fazem ver imagens das peças num tabuleiro, dentre
as quais ela realiza viagens fascinantes pelos cálculos dos movimentos e
posições enxadrísticas. O então professor de xadrez vê que a menina leva jeito
para o jogo. Depois que é adotada por uma família, a menina recebe apoio da
nova mãe. Agora ela passa a frequentar torneios na década de sessenta numa
época que não existiam torneios para mulheres. E a jovem mulher vai aprimorando
seu xadrez enfrentando preconceitos e rivalidades pelo caminho. Chegando a
rivalizar com jogadores renomados, que frequentavam os torneios “opens” (aberto
a todo jogador credenciado) em busca dos prêmios em dinheiro. Ela passa a jogar
não só nos Estados Unidos, vai ao México, França e União Soviética. E frequenta
um torneio em Moscou em plena guerra fria. Além das vitórias e derrotas no
xadrez, Beth encontra também alguns relacionamentos pelo caminho, tem uns
apagões de personalidade, entretanto dá para vê que o xadrez é muito forte em
sua vida mesmo com conflitos internos, carências afetivas e vícios latentes. –
Acho interessante este relacionamento dela com os remédios barbitúricos (são substâncias utilizadas, desde o início do século XX, para
o tratamento da ansiedade e agitação de pacientes) e o álcool. Pois, quando
jogava nos torneios da escola, mesmo naquela época, eu não provava nada de
bebida alcoólica umas semanas antes e durante o torneio. Ainda hoje o meu
rendimento cai bastante se eu tomar qualquer quantidade de bebida alcoólica.
Para mim não funciona, mas vemos que tem gente como Beth Harmon que aumentava
seu desempenho com base na ingestão destas substâncias durante os torneios.
No site “chess.com” tem um simulador de Beth Harmon, então me candidatei
a jogar contra o cover de Beth. Então, optei por jogar contra a menina de
dezessete anos, e o jogo se desenrolou assim, como segue abaixo. Visto que o
nível de pontuação de Beth aos dezessete anos é próximo do meu nível atual no
site.
A brincadeira do site com a simulação da Beth Harmon é muito legal. Fico pensando na diferença teórica do jogo vivido na década de sessenta, onde o jogador podia contar apenas com os livros e outros jogadores, para estudar, analisar seus jogos e realizar seus treinos. Sem o computador veloz de hoje, que tem o histórico de partidas dos melhores jogadores do mundo através dos tempos, inclusive os atuais, tudo disponível para quem quiser se enveredar entre as linhas de jogo do xadrez moderno.
Observamos que no final da série tem uma dedicatória Iepe Rubingh (1974–2020),
que faleceu em maio deste ano, e foi responsável pela fundação da Organização
Mundial do Xadrez com Box (World Chess Boxing Organisation – WCBO), Berlim,
Alemanha em 2003. Uma justa homenagem ao artista e atleta. Rubingh morreu cedo,
contudo deixou sua marca no mundo do xadrez.
Não vamos deixá-lo terminar a leitura sem saber o que significa “Gambito”. Esta palavra derivada do italiano gamba, significando perna. Daí derivou o termo “gambitare”, que significa armar citadas. Os lutadores italianos costumavam usar o termo ao se referir a um golpe de perna ou rasteira. E no xadrez o termo Gambito faz referência à manobra de abertura, onde é oferecido um peão para obter uma melhor posição. Contudo, não muito usual, também o termo gambito pode ser usado em referência ao sacrifício de qualquer peça, exceto o Rei, obviamente. Em particular na linha de jogo chamada de “Gambito da Dama” o peão do lado da Dama (defronte ao Bispo) é oferecido ao adversário. Em troca do peão as brancas visam um melhor desenvolvimento de suas peças rapidamente, e o oponente além de perder um tempo, ainda ficará sem um peão no centro do tabuleiro durante a abertura do jogo.
Sugiro ao leitor assistir esta minissérie, que é realmente
surpreendente.
Observação
- Sobre a pontuação dos lances
temos por unidade o “peão”. E quanto o sinal do número: se for positivo
significa vantagem do time branco e se for negativo vantagem do time preto. Por
exemplo: +0.50, significa que o branco tem vantagem de meio peão nesta posição.
- Esta análise foi feita por mim no ambiente do
"chess.com" o qual sou filiado. Espero que tenham
curtido a partida. E caso queiram jogar pela internet, temos o site "chess.com", é muito, muito divertido.
- A
anotação das Peças= inglês/português: Torre=R/T; Cavalo=N/C;
Bispo=B/B; Dama=Q/D; Rei=K/R; Peão=P/P;
Referência
Site base do diagrama: chess.com. Onde mostra o simulador da Beth
Harmon.
Minissérie da Netflix, “The Queen's
Gambit”; Criadores do Programa: Scott Frank, Allan Scott;
Lançado em 23/10/2020.
Horton, Byrne J. - Moderno Dicionário
de Xadrez; Editora IBRASA – Instituição Brasileira de Difusão Cultural S.A.;
São Paulo-SP; 1973.
Autor:
Paulo Sérgio e Silva
\PSS
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