Jogando Xadrez no Shopping

No início da década de noventa larguei os jogos postais, e passei a jogar somente pela internet. Jogando xadrez pelo computador há mais de trinta anos, a coisa se tornou mais dinâmica com a ajuda da rede de computadores, quando os contatos com jogadores dos quatro cantos do mundo ficaram mais fáceis. E quando entrei no site “chess.com” logo fui designado para ser administrador do Time Brasil Nordeste. Então, fiz amigos pelo site, principalmente no período em que estava como administrador, devido à visibilidade e os contatos.


Num certo dia, um amigo me pediu o telefone, chamava-se Marcos, visto que estava vindo com a família a Natal e tiraria uma manhã para jogar umas partidas. Achei muito legal. Fiquei pensando: – como são interessantes estes desdobramentos do xadrez em rede, verdadeiras correntes de amantes do nobre jogo, que possa eventualmente se encontrar para medir conhecimentos e trocar impressões. Essa é uma oportunidade impar.

Normalmente, naquela época, no site não jogávamos contra pessoas do mesmo time, o usual era jogar contra pessoas que pertenciam a outro clube. Hoje existem os torneios internos dos grupos, mas não tinha essa modalidade de campeonato no início dos anos noventa. Seria uma ótima oportunidade para conhecer melhor um integrante do nosso time Nordeste.

Na data marcada. Nosso amigo veio com a família do estado de Pernambuco para “turistar” nas praias potiguares. E combinamos de nos encontrar no novo Shopping Cidade Jardim na Avenida Roberto Freire. O shopping ficava próximo do condomínio, que eu residia, lá existiam alguns locais legais, para sentar e beber algo.

O oponente do dia atrasou um pouco. Veio desacompanhado. Quando chegou pareceu ser um sujeito intelectual, uma pessoa bem organizada, educado e de bom trato.  Quando ele viu meu jogo de peças de fibra e um tabuleiro de papelão, arregalou os olhos, e disse espontaneamente:

– Você reproduz suas partidas neste jogo? Você se importa? Prefiro pegar meu jogo de peças no carro, caso concorde. (Observo que tenho vários tipos de tabuleiro e jogos de peças, contudo não queria arriscar minhas peças oficiais numa mesa de uma lanchonete).

– Não tem problema. Respondi tranquilo.

Em poucos minutos, o visitante trouxe um belo jogo de peças. Então, armamos o xadrez e nos bancamos numa daquelas lanchonetes típicas de shopping. Não importava o público passando, tão pouco o barulho. O jogo era amistoso mesmo, e durante os lances ainda rolou uma conversa. Pedimos uma cerveja e começamos a jogar. Infelizmente, não anotamos esta série de jogos. Tudo era diversão. Entretanto, ganhei a primeira partida rapidamente. Logo na abertura o condutor das pretas cometeu um equivoco, e fique com boa vantagem, não demorou muito para ele abandonar. Assim, que a partida acabou, trocamos as peças e naturalmente abrimos uma nova disputa. Quando começamos a segunda partida, apareceu uma criança e bateu na mesa e as peças caíram, segurei o copo e a cerveja, foi uma graça total. Os pais da criança pediram desculpas, contudo não teve problema. – Isso faz parte, respondemos aos pais da criança. Refizemos a posição e o jogo continuou. Ele estava muito bem de posição na segunda partida. Propus empate, ele não aceitou. Então, continuamos e ele cometeu um leve engano, destes lances duvidosos que minam qualquer posição. Então, ele ofereceu empate e gentilmente aceitei. Como eu tinha ganhado a primeira partida, achei que não havia problema algum. Conversamos um pouco, além das impressões pessoais de ambas as partes, o amigo também justificou que tinha sido atrapalhado pela interrupção no segundo jogo, e então resolvemos jogar a terceira partida. Marcos ficou satisfeito com a possibilidade da revanche, e fomos nós. E mais uma vez ele até que estava bem nesta última partida. Contudo, depois de uma série de situações complicadas no meio jogo, quase que eu abanava. Contudo, no final foi outro empate. Agora técnico, não tinha como ganhar, e o visitante pensou, e pensou, até que se convenceu. Conversamos mais um pouco, até que os copos secaram e nos despedimos. E ele saiu no meio do povo com o belo tabuleiro debaixo dos braços.

Como não tenho partidas registradas contra o Marcos. Em nossa partida ilustrativa deste texto, vamos apresenta uma partida que joguei pelo site contra um oponente de outro grupo, de codinome Anderson, condutor das brancas. 

 

Depois que ele foi embora conversamos algumas vezes pelo site, mas perdemos o contato, visto que meses depois sai do time Brasil Nordeste. Entretanto, a experiência de fazer amigos através do xadrez é muito boa. Vivemos realidades diferentes, e uma coisa é certa, temos algo em comum: o jogo de xadrez. 

Observação

-   Sobre a pontuação dos lances temos por unidade o “peão”. E quanto o sinal do número: se for positivo significa vantagem do time branco e se for negativo vantagem do time preto. Por exemplo: +0.50, significa que o branco tem vantagem de meio peão nesta posição.

 

- Esta análise foi feita por mim no ambiente do "chess.com" o qual sou filiado. Espero que tenham curtido a partida. E caso queiram jogar pela internet, temos o site "chess.com", é muito, muito divertido.

 

- A anotação das Peças= inglês/português:  Torre=R/T; Cavalo=N/C; Bispo=B/B; Dama=Q/D; Rei=K/R; Peão=P/P; 

 

Referência

Site base do diagrama: chess.com.

 

 

Autor: Paulo Sérgio e Silva

\PSS


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Xadrez – Cegueira enxadrística.

Xadrez – Campeão do Torneio Máster de Xadrez n-23 jogado por celular

Xadrez – Viagens e a disputa do título mundial de xadrez em 1987