Xadrez – Pandemia, Aldeia global e Mudança de rotina.

Reportando-me ao meu tempo de menino, lá pelos anos setenta, ouvi uma expressão que muito me chamou a atenção “aldeia global”, e fiquei diante da televisão pensando nesta possibilidade. Os adultos que perguntei achavam que seria possível acontecer, mas que isso estaria muito longe. E pensando nisso uma coisa é certa, a descoberta do “novo mundo”, nosso continente Americano, foi um evento de globalização. Que foi impulsionada pela evolução da ciência, e continuou evoluindo ao longo dos séculos, e consequentemente, abrindo fronteiras. Levando o homem a explorar os pontos mais longínquos do planeta Terra.


Figura-1: rotina na pandemia.

Voltando para as décadas mais recentes, sobre o termo “aldeia global”, esta foi criada pelo filósofo canadense Herbert MarshallMacLuhan, e ganhou o mundo no início dos anos sessenta. Tendo com referência a revolução tecnológica emergente que possibilitaria uma metamorfose social ampla, tribalizando o mundo através das telecomunicações. Acredito que estamos vivendo os efeitos de uma vida em um condomínio mundial, aquela ideia que explodiu nos anos setenta está sendo concretizado meio século depois.

Isso é justamente o que vemos hoje. Um evento ocorre em qualquer lugar do mundo, e em poucos minutos temos a notícia na palma da mão, muitas vezes com imagens, ou também, um individuo visita um países do outro lado do mundo e traz um vírus, para este outro lado em poucos meses. E todo ser humano passou a compartilhar do mesmo mal, que se tornou temida em qualquer país. E todos nós tivemos as rotinas mudadas; uns mais e outros menos, contudo vamos resolvendo os problemas pandêmicos domésticos, profissionais, sociais e em outros papéis da vida; do jeito que dá.

Esta praga mundial invadiu nossas casas. Inicialmente, pensava que durariam apenas alguns meses, ainda no começou da pandemia, ninguém imaginava que fosse durar tanto. Assim, como todos, fui atingido em minha rotina diária: parei de treinar xadrez regularmente, e veja que era um treino apenas para manter o nível de jogo. Fui forçado, para criar tempo, a fim de que pudesse realizar as tarefas domésticas a mim atribuídas, que por nossa opção resolvemos manter nossa secretária doméstica na casa dela, recebendo salário, até o auxilio emergencial pago pelo governo chegar.

Continuei apenas jogando pela internet. Consequentemente, sem treino, fui vendo minha pontuação (ratings) despencar. Cheguei a ter cinco reveses consecutivos, algumas derrotas eram daquelas: – “que o adversário não fez muito para ganhar, e sim, foi você que entregou”. A cegueira enxadrística tomou corpo, ou melhor, tomou o cérebro, era assustador. E só fazia aumentar. E procurei voltar para o meu complicado sistema de treinamentos, mas não tinha tempo diário como antes, assim procurei simplificar o treino o máximo possível. E em minhas incursões diárias à página do “chess.com” vi algumas orientações, sobre como treinar todo dia e que este pelo menos não fosse menos que 15 minutos. E seria fundamental ter duas atividades apenas:

1)      1. Resolver problemas de mate ao Rei, com um, dois, três ou quatro lances.

2)      2. Ter uma agenda que incluísse também o estudo de aberturas de jogo.

E assim fiz, um pouco descrente, comecei a fazer o treino proposto. Nos dias mais ocupados o treino era resumido, tendo como limite mínimo os 15 minutos, e quando dava mais tempo o treino era ampliado. Tudo estava ficando sob controle. E em curtíssimo tempo senti uma melhora, e paulatinamente fui recuperando minha pontuação com alguma timidez, contudo indo enfrente. Ainda me encontro com as derrotas, entretanto não é como vinha acontecendo no ano passado; perdendo de qualquer jeito.

Mesmo com retorno ao trabalho de nossa secretária, continuo mantendo o sistema simplificado de treinamento, que tem se mostrado eficaz e atende a necessidade de um velho admirador do xadrez. É vida que segue!

Num destes treinos me deparei com uma posição proposta pelo sistema, que é muito interessante. Passei algum tempo para solucionar o enigma enxadrístico. E agora quero dividir esta joia do xadrez com o leitor. No diagrama abaixo mostramos a posição, onde as brancas realizam o mate em dois lances. Observando que existe apenas um lance chave capaz de deixar o Rei preto à beira do abismo. Então, antes de verificar o lance chave depois das referências abaixo, tente resolver. Qual o lance branco que deixará o Rei preto sem saída? Depois deste lance não importará a peça preta jogada, pois o branco terá uma resposta de morte ao Rei preto.



Diagrama-1: posição de mate em dois, as brancas jogam.

O diagrama acima tem por base o trabalho intitulado “50000 posições de mate em dois” de Eduardo Sadier. Que serve de referência para sites, programa de computador e livros destinados ao xadrez, que têm em seu “menu” uma caixa de treinamento, conforme constatei em minha procura.

Se for fazer um treino nestes moldes tente usar um site especializado, sugiro “chess.com”, onde tem uma agenda de aberturas, partidas gravadas, “puzzles” e finais, ou, buscar baixar um sistema grátis como o “LucasChess”, que tem o treinamento de mate e atende plenamente.

Agora sobre o diagrama: segue a pista para encontrar a peça que faz o movimento chave da posição acima: – “esta peça não faz parte do casal real; na posição proposta ela realiza um movimento de captura na cara do seu monarca, e sem xeque”. Como dito antes, depois do movimento chave, qualquer outro lance das peças do time preto não livrará o seu Rei do “xeque-mate”.

Observação

-   Rating é um método de pontuação utilizada para determinar a força relativa entre jogadores de xadrez, que foi inventado pelo físico americano Arpad Elo.

 

- Solução do puzzle acima, mate em dois: está no item (3) das referências.

 

Referência

(1) https://pt.wikipedia.org/wiki/Aldeia_Global

 

(2) www.chess.com

 

(3) lance chave do puzzle: 1.Cxe6, d2; 2.c4 ## 

Autor: Paulo Sérgio e Silva

\PSS


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Xadrez – Cegueira enxadrística.

Xadrez – Campeão do Torneio Máster de Xadrez n-23 jogado por celular

Xadrez – Viagens e a disputa do título mundial de xadrez em 1987