Xadrez - Cálculo, raiz quadrada e história

Imagine um bebê engatinhando. Então é assim um iniciante no xadrez aprendendo os primeiros movimentos. Neste momento, bem no início, quando estamos movendo as peças, a gente não tem noção do que vem pela frente, sem noção alguma de previsibilidade dos lances do oponente. Entretanto, ao se aprofundar começamos a ter uma ideia do lance que virá pela frente. Isto é, dentro do jogo estamos sempre tentando antever o futuro. Quais as consequências de meu movimento. Então, estudamos a posição, obtemos conhecimento para uma tomada de decisão, que impactará o meu futuro. E na vida não é diferente, bem ou mal, precisamos estudar a situação, ou mesmo na escola básica o motivo de estudar diversos assuntos, matérias teóricas e noções práticas, acumulando conhecimento com um simplesmente objetivo, a tomada de decisão: qual ofício você vai escolher? E que cidadão vais ser?



Começando pelo xadrez. Para ter uma ideia de como é calcular um lance. Depois que você estudou um pouco de abertura de jogo, noção do meio jogo, os principais finais de jogo, etc. E acumulou conhecimento de diversas ordens. Tudo para fundamentar suas decisões na aventura de um jogo de xadrez. Para jogar xadrez é necessário calcular o próximo movimento.

Então, vamos ao cálculo. Quando falamos isso as pessoas pensam em números e fórmulas. Até poderia ser. Contudo, estamos nos referindo ao estudo que o jogador deve fazer para eleger o melhor lance numa dita posição. O melhor! Esteja o jogo na abertura, meio jogo ou no final não importa, devemos em linhas gerais seguir mais ou menos assim. O adversário fez o lance. Então, começo observando todo o tabuleiro de ponta a ponta, e vou procurando pela ameaça que as peças adversárias estão trazendo, observo todas as peças, que casas eles estão dominando? A posição de minhas peças, como a estrutura de peões; o domínio do centro; a posição do meu rei estão boas; ou posso melhorar? Quais as peças soltas minhas e dele? Em cada posição o jogador escolhe um, dois, três ou mais lances possíveis, e numa observação rápida. Vamos eliminando os piores e ficando com o possível melhor movimento, ou os melhores candidatos. Feito isso. Escolho um lance para analisar. Então, vejamos se atende aos objetivos de minha abertura, ideias do início de jogo, ou refuta a possível ameaça, ou traz algum perigo para o adversário. Minha peça estava protegendo uma posição ou outra peça minha? A casa que minha peça vai está atacada? Minha peça poderá ser cravada, na linha do Rei, ou Dama, ou peça maior solta? Se não tiver problema. Perceba que neste momento temos outra posição diferente para analisar. Vamos começar a vê qual o lance que o adversário poderá fazer depois deste movimento. Vamos vê se ele tem mais de uma opção de lance, para refutar seu movimento. E depois do lance dele posso fazer outro lance? Aqui temos outra posição para analisar. Vou ficar em posição melhor? Caso encontremos uma pior posição durante esta jornada de análise devemos voltar e vê o outro lance elegível. E vamos começar nova análise da posição original. E continuo calculando até o sucesso. E assim, segue-se calculando até que você abraça a ideia, e fazer o lance.

Espero que tenhas tido uma noção da complexidade de como é calcular um lance no xadrez, visto que no parágrafo anterior, fizemos um descritivo de um ensaio simplificado de um cálculo. Mas, o ser humano tem uma propriedade fantástica para responder estes questionamentos durante o jogo: a intuição, aliada ao conhecimento das posições, que são descritas nos livros de abertura, meio jogo e finais. Se seguimos o mesmo repertório de aberturas vamos vendo que as posições e linhas de jogo vão se repetindo a cada jogo, criando assim uma intimidade combinada entre nós jogadores e as peças. E vamos em pensamento dizendo: - já passei por isso. E vamos fazendo lances cada vez mais rápidos e mais certeiros.

Assim, na vida real fora do tabuleiro, na escola por exemplo, estudamos coisas que possivelmente não usaremos, mas que vão nos embasar a tomar uma decisão no futuro. Qual será minha profissão? O que quero fazer? Do mesmo jeito que num jogo de xadrez muitas perguntas devem ser respondidas a cada movimento.

Estava assistindo a um programa de humor, quando o humorista fez o seguinte comentário: - "A gente estuda muita coisa na escola que não precisamos; para que estudar a história da Guerra do Paraguai? Para que serve estudar raiz quadrada?" As pessoas riram e aplaudiam as pilérias. Depois o cômico voltou a contar seus causos e piadas, dando curso ao show. Comecei a pensar nas críticas dele ao nosso ensino. Sabemos que não é perfeita nossa grade escolar, possivelmente precisamos de reformas.

Mas, dizer que saber da história do nosso país é uma perda de tempo, e que a história só deveria interessar a quem fosse estudar esse assunto. Como a pessoa que fosse ser professor de história ou historiador. Para que serviria ser historiador, se para as outras pessoas não interessava saber história? Para que serve um artista sem público? Parece uma coisa sem pé nem cabeça. Pois, saber a nossa história, origem, cultura, como fomos formados, é fundamental para a gente continuar evoluindo como pessoa, comunidade e pátria.

E quanto a raiz quadrada, como seria estudar matemática sem saber fazer uma raiz quadrada. Talvez ao sair da escola, uma pessoa nunca mais venha a fazer uma raiz quadrada, mas ela saberá que existe este mundo matemático por trás desta operação. E sobre o questionamento: - porquê aprender sobre raiz quadrada? No primeiro momento lembrei do triângulo reto, e consequentemente do teorema de Pitágoras. Esse teorema em particular acho fantástico, abre uma janela para o mundo da trigonometria, que abre caminho para outros mundos da matemática. Desta mesma forma, permite resolver equações quadráticas, fórmulas físicas, químicas, estatísticas, e outras.

Este conhecimento junto a outros vão ajudar ao estudante em formação a fazer a sua escolha de vida, qual a carreira, que ofício a ser seguido. Nada que foi passado durante os anos de estudo será perdido. Quanto mais cedo o aluno ficar desprovido destes conhecimento, menos será a possibilidade dele fazer sua escolha. Com menos conhecimento será muito difícil o seu salto do ensino básico para o ensino universitário. Suas chances de crescer ficaram reduzidas. Assim, para seguir uma carrei o aprendiz deverá ser escolhido por um tutor, patrocinador, empregador etc.

Numa conversas com amigos o assunto em questão foi mencionado. E alguns achavam que Português e Matemática eram matérias suficientes, para as escolas públicas ensinarem. Uma amiga me disse que hoje todo este conhecimento está no celular e que as pessoas não precisariam estudar tanto. Respondi simplesmente que até para procurar na internet a pessoa deve ter algum conhecimento sobre o assunto. A discussão foi longa sobre a necessária reforma do estudo nacional. Inicialmente, com que base você definiria seu ofício? Talvez voltando a idade média, quando o especialista escolhia um aprendiz para seguir a sua profissão. Pelo visto, seria um retrocesso.

Mas, vamos vê se recorrer ao celular resolveria. Como seria a vida do jovem, que dependesse do celular para obter todos os conhecimentos acadêmicos e sociais. Todos seriam dependentes do celular mais do que somos. Que graça tem jogar xadrez, recorrendo a um programa de computador, que também está no celular, para fazer o próximo lance? Imagine na conversa entre amigos numa noite de final de semana, quando entre comes e bebes, quando nos arriscamos a discutir assuntos diversos. Como seria uma conversa com uma pessoa limitada, que dependesse tanto do celular, que a cada momento ela tivesse que fazer uma consulta ao sabido celular, para nos dá uma resposta. - Hoje não vai dá para conversar agora, pois meu celular esta carregando. Xi! Esqueci meu celular, então não tenho como conversar hoje.

Concluímos, que a racionalidade de quanto e o quê a gente deve estudar nos dará uma visão ampla, para determinar as escolhas a serem tomadas, seja durante uma partida de xadrez, ou, seja na vida em busca de um futuro melhor. Vamos estudar mais e mais. Um conhecimento amplo abre a mente para formação de sua opinião e definição de seu próprio destino.

Referência


  1. Se quer jogar xadrez clica no link, é uma boa dica. https://www.chess.com


Autor: Paulo Sérgio e Silva

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