Xadrez – Frustração faz parte

Esse sentimento negativo está muito presente no jogo da vida, ele é tão comum, e no jogo de tabuleiro em uma única partida podemos encontrar este sentimento muitas vezes. O importante é não deixar este sentimento gerar outros sentimentos negativos, gerando assim uma bola de neve. A gente coloca nossas expectativas numa pessoa ou numa situação, idealizamos coisas que vão acontecer, e de repente esta não sai como o esperado. E acontece este sentimento horrível, extremamente comum em nosso cotidiano. Quando não estamos preparados para lidas com esta frustração, este sentimento pode gerar irritação, impotência, estresse, raiva, e se tornar coisa pior. 

Falando do pior, pessoalmente, acho que a vontade de desistir e a perda de confiança são resultados desastrosos, para o jogo da vida. Durante uma partida em poucos minutos temos que encontrar a solução, não é fácil, ter racionalidade e calma nestes momentos; ou simplesmente, esquecer e seguir em frente com o que temos. Na vida real, este acumulo de frustrações não trabalhadas pode resultar até em depressão. Então, o importante é manter a calma, não deixa a raiva tomar conta, calma! Não esqueça que tem existe outra pessoa do outro lado. Pense o seguinte: se não foi assim, tente de outra maneira, pois desistir não deve estar nos planos, devemos ser persistentes. Focar na vitória, ou, no melhor resultado possível. Talvez as expectativas estejam muito altas, talvez a melhor coisa será mudá-las, sabendo que nada é tão perfeito. Uma análise da situação se faz necessária, para um novo realinhamento do que se espera. Isso não é tão fácil, no tabuleiro estamos sozinhos, entretanto fora dele a coisa pode ser estudada, e a busca por ajuda de um profissional pode ser necessária.

Tem jogo que a gente entra confiante, e nos primeiros movimentos a gente percebe que não é bem assim. Aquele dia, que parecia ser um grande dia de sucesso, com uma bela vitória, vai tomando forma frustrante, e se mostrar como uma pancada da vida. Transformando todo aquele cenário de flores de confiança, num verdadeiro pesadelo. Tanto acontece num jogo de xadrez, como num almoço de domingo, ou, numa programação qualquer.

Com base no que foi dito, imagine um jogo de xadrez no início. Antes de começar a partida, tenha consciência de que lado do tabuleiro você está: do lado branco, ou, do lado preto. Cuidado com a abertura, revise na mente os princípios do início de jogo. Mantenha a confiança, e se o adversário não jogar como esperado, nada de ficar frustrado, tenha confiança que pode contornar a situação melhorando a posição de suas peças e buscando ideias firmes. Importante, não deixar a frustração tomar conta. Caso contrário, veja o que o espera. Algo parecido transcorreu na história, que vamos discorrer a seguir, uma história de frustração.

A família, formada por Carlos e Marta, que vivia numa cidade do Rio Grande do Norte há algum tempo. Certo dia, eles foram contatados por um casal distinto recém-chegado à cidade, eram Jotacley e Suely que por indicação de amigos comuns chegaram até eles. Eles buscavam algumas orientações sobre a cidade. Depois deste primeiro contato, foram ao encontro de outros conhecidos, para as apresentações. Ainda, havia uma certa distância, cautela talvez. E como o novato era conterrâneo de Universidade de parte do pessoal, isso facilitou a integração. Então nada como manter os laços de amizade. Um detalhe, a Dona Suely, como gostava de ser chamada, estava acometida de depressão; esse problema misturado com a mudança de cidade, tornava o caso mais delicado. Em vista disso, os outros amigos passaram a manter contato, a fim de auxiliar os novos residentes no que fosse preciso.

Programaram um almoço num restaurante, todo grupo estava convidado, porém a grande maioria declinou do compromisso alegando outros motivos. Era um final de semana, e devido ao “feriadão” muita gente viajou, entretanto os recém-chegados confirmaram presença. Assim, o compromisso de domingo entre as famílias ficou valendo, mesmo sendo apenas duas.

Carlos com sua esposa e o menino chegaram cedo à Churrascaria “Quebra Ossos”, e os novos amigos demoraram. Possivelmente, estão encontrando dificuldades para encontrar o endereço, por não conhecer a cidade etc. Passado algum tempo, já tinham consumido uma cerveja e petiscado um prato de batata fritas, quando até que enfim os novos amigos chegaram, Jotacley e Dona Suely mais o casal de filhos.

E o amigão foi logo informando que a Suely não podia ser contrariada, conforme recomendações médicas. Pois, a crise depressiva poderia se agravar. Tudo bem. Viram o cardápio e pediram duas picanhas. Logo as provisões chegaram, tinha farofa d’água, arroz branco, vinagrete, feijão-verde e salada. No centro da mesa um prato para o garçom servir a carne. Dona Suely distribuiu a maior parte das provisões com a sua prole. E veio o garçom e começou a cortar o primeiro espeto de carne. Rapidamente a distinta senhora, loura e bem-vestida, pegou toda a carne e passou para si e para os seus filhos. Tudo bem, ela não podia ser contrariada. E o marido, Jotacley, continuou conversando e bebendo cerveja, normalmente, como se nada tivesse acontecido. E vem o garçom com mais carne, e mais uma vez a Dona Suely pegou toda a carne e distribuiu, para o marido, ela e os filhos. Quando Carlos foi reclamar, logo o marido da senhora, pôs a mão em seu ombro e falou: – Suely não pode ser contrariada. E o menino, filho de Carlos, começou a reclamar. Logo, Carlos pediu a um garçom, que ia passando com parte de um espeto de coração, que servisse seu filho e sua esposa. No que foi prontamente atendido. Enquanto, ele ia bebericando sua cerveja e tirando o gosto com a farofa, vinagrete e um pouco de arroz, nem o feijão ele pegou. E ficou vendo o casal recém-conhecido se “banqueteandocom o churrasco que daria para todos. Carlos ficou esperando ainda a parte do segundo espeto, que já deveria ter vindo. Mas, os novos moradores da cidade já estavam fartos. Preferiram nem pedir a sobremesa. Os amigos agora de barriga cheia, anunciaram: – bem, vamos embora, e pagaremos metade da conta. E o garçom orientou, caso fosse pagar no cartão seria necessário ir até o balcão. Então, eles já se despediram e foram ao caixa seguidos pelo casal de filhos. E Dona Suely ainda demorou um pouco se despedindo e agradecendo a companhia neste belo almoço. Nem comeram tudo, Carlos ficou irritado, mas foi contido por sua esposa, pois ainda tem uma parte do segundo espeto para vir. Poucos minutos depois, o garçom veio perguntar se queriam alguma coisa antes de fechar a conta. E o amigo informou que estava aguardando ainda uma parte da carne, que estava por vir. Então, o garçom informou que o casal solicitou que embalasse a carne restante para viagem. Carlos ficou com raiva, e mais uma vez sua esposa disse que isso não resolveria nada. E para completar o seu filho ainda estava reclamando de fome. Calma. Então, pediram um novo prato, desde que este saísse o mais rápido possível, a fim de salvar o almoço do domingo.

Para nós a história mostra a frustração do casal de amigos. Um dia, que num primeiro momento, pareceria ser de descontração, alegria, uma boa diversão, acabou numa frustração. Não apenas pelo almoço do final de semana com os amigos, mas por saber que essa nova personagem não era boa bisca. Quando os outros amigos ficaram sabendo do ocorrido, estes dissuadiram a deixar para lá, e disseram, que devemos entender a situação da esposa do Jotacley, Suely está com problema, coitada! Então, melhor manter a ambiência e as relações de amizade em alta, e seria bom vê como ajudar os recém-chegados de alguma forma. Melhor esquecer.

Carlos, alguns dias depois, encontrou o distinto casal na casa de amigos comuns, e eles nem tocaram no assunto do restaurante. Por sua vez, Carlos ficou quieto, conforme fora orientado pelos demais. Ficou por isso mesmo. E mais uma vez, ainda foram advertidos pelo Jotacley, que a Dona Suely não podia ser contrariada. E que por tempos ele continuou usando a condição de doença de sua senhora. O tempo passou, e depois de outras falcatruas, e sapos engolidos, Carlos hoje nem quer vê Jotacley, tipo de cabra bom para se manter bem distância.

Quanto ao xadrez, sabemos que acontecem situações inesperadas, que devem ser trabalhadas com calma. Lembramos que o jogo passado, passou, melhor se preparar para o próximo. Para que as frustrações futuras não aconteçam com tanta frequência, melhor se prepara e estudar e aprender com seus erros, para manter as frustrações controladas. E como disse Steve Jobs: “Don’t lose the fath” (Não perca a fé). Continue trilhando o caminho em busca dos seus objetivos, a vitória. Não digo que é fácil, a gente tem que está sempre atento, para dobrar as frustrações no jogo do dia a dia. Desejo boa sorte!

 

Autor: Paulo Sérgio e Silva

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