Jogo de xadrez presencial e celular. Como punir?

Nesta semana estava numa live acompanhando um torneio realizado em Florianópolis pela internet. Quando surgiu o assunto sobre o tratamento dado ao jogador flagrado portando seu celular no ambiente de jogo. Sabemos que este é um dos problemas trazido pela modernidade de nossos dias. Nos anos 70 ninguém nem se imaginava numa situação desse tipo. Com o passar do tempo e a evolução dos dispositivos computadorizados as regres do jogo de xadrez e os regulamentos dos torneios foram se aprimorando, para acompanhar a evolução destes dispositivos eletrônicos auxiliares, que rodeiam o mundo. Mas, existe discussão no ar.

Tem gente que vive com o celular na mão, nem pode pensar em ficar distante deste instrumentos que o mantêm ligado com qualquer cidade do planeta. Qualquer fato que ocorreu e foi noticiado na rede mundial, o sujeito já está sabendo. Alguém postou uma foto numa plataforma social qualquer, ele já está marcando e dando opinião. Do mesmo jeito que o portador do celular pode estar ligado em eventos sociais, também, ele pode se ligar a um endines (1), que são tipos de programas muito poderosos, quando se trata de jogar xadrez

Por este motivo os celulares, tabletes, computadores de mão são tão temidos no ambiente enxadrístico. Eles não são permitidos de nenhuma forma, durante o andamento de uma disputa, entretanto o tratamento dado pelos árbitros ao suposto infrator é diferente, pelo que comprovamos durante a live, com base nos relatos dos diversos participantes.

Teve um comentário, que durante uma partida o jogador observou que o outro estava com um celular ligado no bolso. Então, ele se dirigiu ao árbitro e fez a denúncia. Então, o árbitro aguardou um momento em que o dono do celular esta a sós, e solicitou ao rapaz que desligasse o celular e o guardasse em sua mochila. E a partida continuou.

Num segundo relato, outro jogador sentiu que estava com o celular no bolso da calça no meio da partida. Para evitar qualquer denúncia, imediatamente, dirigiu-se ao árbitro informando que desligou o celular e guardaria o mesmo junto com suas coisas. Então, de pronto o árbitro o declarou perdedor da partida em curso.

Outro relato, um dos membros do grupo relatou que em sua cidade no último torneio, o árbitro solicitou que todos entregassem seus dispositivos eletrônicos e os acondicionou num saquinho nominalmente registrado, e um a um foi colocando numas gavetas de sua mesa.

Desta forma, vemos que ainda temos que avançar para uniformizar os procedimentos, quando a portabilidade do celular seria punida com a retirada do dispositivo e apenas uma advertência, ou significaria a decretação de uma derrota sumária. E cada caso é um caso, o que poderia ser uma tentativa ou uma trapaça, qual a melhor punição? O debate continua em aberto.

Lembrei de um torneio que participei em 2019, era um torneio aberto com mais de duzentos participantes, o ginásio da universidade estava bonito com tanta gente, e antes do começar o torneio, entre os jogadores e familiares estavam as mesas com os jogos de peças e suas plaquinhas. Tudo bem organizado. Fomos informados que os portadores de qualquer dispositivo eletrônico deveria desligar e deixar em suas mochilas, bolsas, sacos etc. Caso não tivesse alguém da família para ficar. as coisas particulares poderiam ser deixadas num canto próximas da mesa da organização, mas havia muitas coisas, e algumas bolsas ficaram um pouco afastadas dos organizadores. Contudo, tudo era festa. Até no final da última rodada um amigo percebeu que sua mochila tinha sido violada, esta aberta, e ao verificar o celular tinha sido furtado. Ainda tinha muita gente, para presenciar a premiação, mas muitos tinham ido embora. Houve aquele procura, aqui e ali, poderia ter caído. Alguém perguntou. - Será que alguém tinha pegado por engano? Todos os presentes ficaram preocupados, e se perguntando como poderia acontecer uma coisa dessas. A direção se questionando como seria resolvido o problema. Até que chegou um garoto, que estava fora do ginásio, e disse que estava ligando para casa, quando percebeu que o celular dele estava diferente de novo layout. Ele tinha pegado o celular por engano, errou de mochila por ser muito parecida com a dele, e também, o celular era de mesma marca e com tinha uma capa semelhante ao de sua propriedade. A mochila dele estava bem guardada pela direção junto a mesa. Um alívio para todos, e mais ainda para a direção do torneio que escapou do prejuízo.

Observa-se que é um assunto polêmico, tanto dentro da sala de jogos como fora dela. Todo mundo esta grudado no celular, para se locomover, para ficar falando e enviando mensagens. Numa mesa de restaurante as pessoas nem conversam mais, cada um na sua, navegando pela web ou vendo as novidades nas redes sociais. Pessoalmente, tenho tentado largar este novo vício, tento usar somente o necessário, quando for para passar o tempo tento distribuir o mesmo com acessos para vê o xadrez (chess (2)) e um pouco com as redes sociais. Precisamos nos vigiar mais, e interagir um pouco mais com o próximo que está próximo, ali presente. Tudo demais é veneno.

Pode ser até ser uma meta para este ano novo, que tal separar um tempo para familiares e amigos durante o lazer em conjunto. Sentou na mesa do restaurante, deixe o amigo eletrônico descansar um pouco em modo avião, e procure criar laços de amizade e companheirismo. E tenha um feliz 2024.



Referência

(1) Artigo que explica de forma simples o que é um programa de xadrez: https://www.chess.com/pt-BR/terms/engine-xadrez


(2) Site que sou associado e diariamente acesso para jogar xadrez e saber das novidades: https://www.chess.com



Autor: Paulo Sérgio e Silva

\PSS


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